A min'alma dá abrigo para a serenidade
Como um céu despontando azul e plácido;
Ela é um estranho
E enigmático firmamento,
Ou ainda uma totalidade
Complexa e dinamica
Em que povoam e habitam
Rios de sonhos, vontades e desejos...

Abriga no mais profundo da minha alma
Uma constelação de ideias impulsionadas
Pela graça, pela confiança e pelo amor.
A sabedoria, cuja fartura
Busco me nutrir de forma incessante,
É uma grande fortaleza
Para os homens que vivem em tempos sombrios.

A sabedoria é uma riqueza
Em tempos de pobreza absoluta;
É a sabedoria quem também produz doçura
Frente a tanto amargor e insipidez.

Minh'alma é continuamente
Revigorada pela luz da verdade,
Uma luz que se manifesta no íntimo
Por meio de experiências
Calorosamente epifânicas;
Ela se fortifica com inaudita sabedoria
Em meio a tantas dificuldades
E escolhos que surgem
No decorrer da vida.

A minh'alma anseia continuamente
Pela liberdade e pela paz,
Penso numa paz excelsa e misteriosa
Que nunca se alcançou
Nesse mundo cheio de dores...

Embora pense e sinta o impraticável
E imagine o inimaginável,
Resvalando de quando em quando
Em marés de frustrações
E infelicidades fugazes,
É da sábia esperança que intento
Todos os dias da minha vida me alimentar!

Sábio não é aquele que
Se arroga em deter
Os saberes de inúmeras ciências e técnicas;
Mas é aquele que,
Independente de qualquer contratempo,
Pratica a benevolência e a justiça
Com intensa sensibilidade,
Além de se munir de grande coragem
Para transcender os limtes
Impostos pelo medo.

Triunfar sobre as crises
E aniquilar os resíduos
De todo tipo de desumanidade:
Eis a verdadeira conquista
Da sabedoria a iluminar um ser
Disposto a percorrer as veredas
Da retidão e da temperança,
Da humildade e da honestidade.

Quebrar os grilhões da morte n'alma
E transpor as muralhas
Da insegurança e da ansiedade:
Eis o nascimento de um novo homem
Disposto a seguir o caminho
Da sabedoria que provém dos céus.

Mesmo sem saber de muitas coisas,
E ainda que esmoreça em alguns momentos,
Não deixo de buscar e de me questionar,
De confiar e de me sensibilizar,
De modo que me consolo dia após dia
Ao saber que não estou sozinho...

Os rios, os mares, as montanhas e as florestas
Estão cheios do perfume da inspiração Divina,
Desfraldando as vias de acesso
Para o pleno florescimento da vida.

A sua comiseração e a sua imensa virtude
Sempre me consolam,
Ó Deus de paz e amor excelso!
Sua grandeza incomensurável
Sinaliza em nosso íntimo secreto o porto seguro
Que garante repouso e descanso,
Ó Deus poderoso e príncipe da eternidade!

Apesar da serenidade
Que sempre me alimento
E da fortaleza da sabedoria
Sobre a qual me consolo,
Sinto também a inquietude e a revolta
Que de tempos em tempos exalam
Suas fragrâncias em meu ser...

Sou peregrino caminhando pelos desertos,
Mas cujo destino é o vislumbre de belos oásis.
Hoje apenas espero pelo sublime
E pela verdadeira salvação da min'alma!
Tal espera é a condição de me manter sonhando
Com tudo o que há de mais verdadeiro,
Puro e elevado para o homem vivenciar.

E ainda que minha inteligência seja limitada
E os meus horizontes fiquem acinzentados e escuros,
Não deixarei de sonhar e conceber algo
Que esteja para além desse véu
A ofuscar nossos sentidos!

E assim persevero incessantemente,
Sem sucumbir na desesperança
E, tampouco, sem deixar vacilar os meus passos,
Pois tenho ao meu lado o Redentor
Que resplandece a minha vida
Na propagação de sinais abruptos de discernimento,
Cujo destino é alcançar o horizonte
Das mais sublimes descobertas
E das mais íntimas e profundas renovações.