Em nossa sociedade, acontece com frequência casos de pais que abandonam seus filhos; se ausentam, por alguma razão, da responsabilidade que tem pela educação dos mesmos, muitas vezes deixando para a escola ou outras instituições de ensino uma completa responsabilidade pela formação do caráter do jovem, sendo uma maneira de agir que infelizmente... não faz sentido...pois é tão absurdo, quanto viver acreditando que a liberdade do ser humano, no sentido mais ontológico da palavra, é uma condição que dispensa qualquer resquício de responsabilidade!

Não tem, pois, fundamento pensar que a educação seja exclusivamente uma obrigação do estado, embora as instituições de ensino tenham sua importância na formação do indivíduo no que diz respeito ao conhecimento que é gerado no seu âmbito.

O cuidado que os pais proporcionam para os seus filhos vai muito mais além do que as necessidades primárias; não é, pois, somente provê-los de roupas e alimentos, mas também de uma formação que se inicia desde o nascimento, uma formação espiritual germinadora de consciência, responsabilidade, sem deixar de guiá-los nos cumes dos princípios morais e éticos, tais como: respeito, humildade, generosidade, prudência, integridade e sensatez, portanto, naqueles valores que são essencialmente Cristãos.

Por conta da negligência e do descaso na educação, de uma má-fé que não deixa de ser odiosa e mesquinha, os jovens ficam despreparados para lidar com as frustrações da vida e com qualquer dissabor que possa sufocar os seus desejos mais íntimos; ficam, portanto, a mercê dos modismos, da cultura que promana de seu meio e de uma avalanche de estímulos e informações que mais desinformam, ao invés de promover conhecimento e consciência ética.

Para falar a verdade, quando os jovens passam a não ter uma base familiar que traga bons ensinamentos para sua formação moral e espiritual, ficam sujeitos a todo tipo de influências que provém da nossa cultura, desde os estereótipos criados pela sua geração, até mesmo os modelos de conduta ''que devem ser seguidos'' para ''a obtenção de status, fama e reconhecimento social''.

Tendo tudo o que desejam sem qualquer esforço, o que mais os jovens podem esperar da vida senão tédio e fastio? Não tendo o amparo de um amor incondicional nascido desde o berço, o que mais os jovens de hoje podem esperar senão mágoas, ressentimentos, rancores e desolações sem fim?

Pois nada mais prejudicial para a vida de uma criança ou de um adolescente do que a ausência de um cuidado que possa prepará-los para um mundo cheio de incertezas e de imprevistos. Quanto mais um jovem tiver ao seu lado uma pessoa que o ouça; na verdade um ser humano que esteja preocupado e comprometido em compreender o que está enfrentando, ou seja, todos os seus dilemas e demais conflitos existências, mais amparado se sentirá para enfrentar as tormentas e os dilemas da vida.

A vida só tem uma razão de ser quando temos ao nosso lado pessoas comprometidas com nossa salvação; do contrário, quando o que está em jogo é o oportunismo e a falta de respeito e humanidade, a vida corre perigo de sucumbir ao desamparo, ao desespero e ao absurdo da falta de sentido e do tédio.

Sendo o sofrimento imprescindível para o crescimento do ser humano, qualificando-o para as grandes lutas da vida e até mesmo preparando-o para a vida espiritual, podemos dizer, por outro lado, que a busca incessante de prazeres imediatos faz com que o indivíduo queira e deseje sempre mais, de tal modo que não faz outra coisa na vida senão tentar satisfazer suas vontades mais profundas, mesmo nunca conseguindo saciá-las por completo.

Uma pessoa que nunca ou pouco experimentou os efeitos das frustrações, das decepções e das amarguras, ou que nunca aprendeu a ter respeito pela dignidade e pela vida de outrem, nunca aprendeu o que há de mais valioso e edificante para o seu crescimento espiritual e afetivo. Empatia, respeito e compaixão são virtudes essenciais para a existência de uma educação de qualidade na vida de um jovem, sendo possível através da família, núcleo de relações humanas indispensável para o aprimoramento espiritual de um ser humano.

Partindo dessa premissa, penso que a educação de qualidade acontece quando um ser humano aprende o valor das vivências que experimenta e partilha ao lado de quem ama, aprendendo coisas valiosas e edificantes através de belos exemplos de virtude. Com o tempo, aprende que a vida também é feita de momentos dolorosos, além dos momentos de alegria e de realização ao lado das pessoas que decidiu estar próximo.

A educação de qualidade é uma semente que germina no ser de uma pessoa desde a tenra idade, fomentando na consciência valores morais e espirituais que transcendem a mera necessidade biológica, sem deixar de levar em consideração a liberdade do indivíduo de ser o que almeja quando estiver preparado para assumir a própria responsabilidade pelas suas ações.

Portanto, o desenvolvimento da consciência (no qual está implícito o valor da responsabilidade e da integridade) só se torna possível quando percebemos que tudo o que se constrói com dificuldade e sofrimento, e tudo o que se edifica com dedicação, esmero e paciência, tem um valor ainda mais inestimável para a nossa existência, uma vez que aprendemos a valorizar cada coisa que conquistamos, ou melhor, a valorizarmos tudo o que fazemos de mais árduo e trabalhoso na vida.

A partir do momento em que um jovem descobre que para triunfar honestamente, precisa superar as suas limitações com humildade; que para adquirir habilidades, precisa lutar com dedicação; e que para não se corromper nas maldades dos homens, precisa ter um alicerce seguro no qual possa se sedimentar no mais profundo do seu ser, de modo que fique mais enraizado na sua consciência, ele terá melhores condições de viver uma existência livre dos perigos comuns aos jovens de hoje.