A REVOLUÇÃO NO INTERIOR DO SER HUMANO
Há duas espécies de revolução que podem mudar a trajetória de muitas vidas, uma delas é a revolução exterior, que tem como característica fundamental o abalo que produz, de forma brusca e ligeira, na estrutura de uma sociedade em sua totalidade, a fim de consolidar novos domínios ideológicos sobre uma nação inteira.
Geralmente e na maior parte dos casos os indivíduos sofrem com tamanha mudança operada, mas isso não significa que não haja aplausos e manifestações de contentamento; pelo contrário, uma grande parcela de pessoas, cansadas da velha ordem reinante e decrépita, demonstram paixão e enorme entusiasmo, de tal maneira que chegam a hastiar, com coração entorpecido, a bandeira de uma ideologia muitas vezes para lá de suspeita; uma ideologia, porém, convicta na realização de promessas cujo objetivo é trazer um paraíso sobre a terra, ainda que, paradoxalmente, use de meios violentos e extremamente sujos para realizar tal intento.
A outra revolução, talvez a mais difícil de ser entendida por quem almeja uma luta política e social, é a interior, uma revolucão de caráter espiritual, íntima e subjetiva.Esta é, como o próprio nome diz, uma revolução que se consuma no íntimo mais abissal de um ser humano contrito, arrependido e ávido por transformações intensas!
A revolução interior, certamente, não deixa de ser uma mudança brusca de vida; é geralmente, uma mudança permeada de luta interna que só termina quando uma nova forma de ser-no-mundo se consolida. Mesmo assim, uma pessoa que vive dessa forma, precisa ser corajosa o suficiente para poder enfrentar as adversidades ou as situações-limites da vida, pois estas sempre vão contra aqueles que procuram viver uma existência repleta de experiências transcendentes sob a espada da fé.
O único, de fato, que mudou o curso do mundo e a história da humanidade com a força dessa revolução, foi Jesus; mas mesmo ele, infelizmente, não foi compreendido pelos seus pares (...) Grande parcela de seu povo acreditava que ele iria fazer uma revolução social; e, dessa forma, destruir o domínio e a hegemonia do império romano que humilhava e oprimia o povo Judeu abrigado em toda sua magnífica extensão. Vivendo numa era de submissão sem expectativa de término, o povo Judeu esperava um líder revolucionário que pudesse destruir o jugo opressor dessa dinastia.
Mas com o tempo, fornecendo valiosos ensinamentos para os seus verdadeiros fiéis e discípulos, conseguiu fortalecê-los em sabedoria, ao mesmo tempo em que foi auxiliando-os na mudança de suas posturas, outrora extremamente bélicas e cheias de ressentimento. Não somente ensinava que o seu reino era de outro mundo, mas ainda dizia que a salvação deveria servir para todos os homens, sejam eles Pagãos, Judeus, Gentios, Gregos ou Romanos.
Ao invés daquele ódio contra uma sociedade imperialista como a romana, o que houve, a partir dessa mudança milagrosa, foram demonstrações de amor, compaixão e caridade, sentimentos tão profundos e nobres, mas ao mesmo tempo tão estranho aos povos pagãos!
Não devemos exagerar ao dizer que foram esses sentimentos e a consciencia da liberdade e da graça que acompanha os filhos legítimos do Pai, os elementos responsáveis pela mudança interior de cada cristâo existente, consciência essa na qual nenhum escravo aceitou viver como prisioneiro (...) pois ser mártir, de fato, não era problema algum, principalmente para quem cria na ressurreição e na vida eterna ao lado de seu excelso redentor.Um lindo versículo resume muito bem o espírito sublime do Evangelho, triunfante sobre a morte: ''A morte foi tragada pela vitória {Is 25,8}. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?'' (1 Coríntios 15:55).
Nos séculos subsequentes, boa parte dos cristãos, habitantes da Roma Imperial, preferiram se juntar aos seus irmãos de luta interior e disseminar o amor de Deus sobre os confins do Império cada vez mais deteriorado. Como consequência, Roma ficou escassa de mão de obra escrava, ao mesmo tempo em que assassinava impiedosamente quem não fosse adorador dos Cézares, que se autointitulavam deuses.
Roma, a partir de então, se tornou uma presa fácil de povos tão impiedosos quanto ela, os velhos costumes começaram a mostrar sinais de cansaço e o amor de Cristo proliferou-se pelos quatro cantos do mundo.
APESAR da imbecilidade de muitos sempre terem insistido em matar e torturar clamando arrogantemente o nome de Cristo (a palavra que mais corresponde a essas atitudes é aquela que recebe o nome de fanatismo religioso), a mensagem do evangélho se manteu intacta até os dias de hoje, chegando especialmente nos corações daqueles que creem que o reino do Messias não é desse mundo. E sim num reino vindouro, a saber: o reino de Cristo sobre a terra por MIL ANOS; e em seguida um reino sem fim: um reino eterno de paz e de justiça.
Tal revolução processada no interior do indivíduo é a mais bela forma de mudança, pois o que entra em cena não é uma coletividade massificada e sem qualquer entendimento da vida espiritual e de seus mistérios mais secretos; mas antes o indivíduo contrito e com uma fé transbordante que ultrapassa os limites do cognoscível, transcendendo qualquer explicação lógica ao ponto de confundir o saber dos mais sábios.
O ser humano, que esttá alicerçado, justificado e amparado pela palavra do Divino Mestre, não é aquele que luta com armas, bombas e misseis, a fim de manter uma nova ordem passível de ser falsificada e endurecida com o passar do tempo; e sim aquele que vive de toda palavra que sai da boca de Deus.
De agora em diante, tal ser humano passa a ser uma nova criatura, pois além de experienciar a transformação em seu próprio ser, se enriquece de amor e de sabedoria, passando a conquistar os corações dos homens mais incrédulos ao revelar as boa novas do Evangelho para o mundo em que vive. Através de uma bela estratégia de evangelhiização, fundamentado nos princípios de amor e da caridade (mas sobretudo sendo guiado em espírito para disseminar a verdade para quem necessita de um alimento para a alma) tal indivíduo contribui para que a revolução seja um acontecimento sublime no interior de quem decidiu se abrir ao perfume do Evangelho de Jesus Cristo.
Decerto, a maior revolução é aquela que o ser humano vivencia em seu próprio ser, especialmente quando descobre que a luta que trava durante a vida é de ordem espiritual. E como dizia Paulo numa de suas epístolas mais memoráveis: ''Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.'' (Efésios 6:12)
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 20/11/2016
Alterado em 20/11/2016