Que possamos sair
De todo esse recinto escuro de amargor
Amaldiçoado por tamanha desolação e trevor.
Há dias que precisamos nos reerguer
E ver um sol diáfano nascer,
Até que ele possa enfim se por.

Há dias que, mesmo sofrendo,
Precisamos com coragem caminhar,
Até que consigamos contemplar
A colorações de um belo entardecer
Com sua aura de mistério e esplendor;
Ou sentir os perfumes da natureza
E uma alegria por toda sorte de beleza
Num dia maravilhosamente abençoado.

Que possamos nos desvencilhar
Da miséria de espírito
E de todas essas mágoas
Que nos faz perder o sentido da vida...
Há dias que precisamos levantar, sem ofuscamento,
Do pó de um imenso esfacelamento.
Com nossos olhos resplandecentes
(Sorrindo entre lágrimas, soluços e suspiros...),
Ao menos gritarmos com coração sincero
Que já somos vencedores,
Superando decididamente a presença
Da morte a inspirar grandes temores.

Que possamos cumprir a nossa missão no mundo
E caminhar como verdadeiros vencedores;
Há dias que podemos ficar a sós com Deus
E contemplar um belo dia,
Sem que nada possa atrapalhar
O fluir de nossos sonhos
Mais aprazíveis...

No vislumbre do alvorecer da vida
E no sentir profundamente
Os doces eflúvios da beleza matutina,
Podemos, talvez, presenciar toda sorte das boas novas celestiais!
Significa, antes de mais nada, dar um salto de renascida confiança
Ao rasgarmos o espesso véu
Da monotonia, do tédio e da desesperança!

Com liberdade de espírito possamos ainda caminhar,
Ainda que os contratempos tentem prevalecer!
Ou simplesmente encontrar com coragem
Uma verdadeira razão para viver!
A esperança que em nós nasce é uma delicada flor
Que lança sua fragrância de serenidade
Num tempo Impregnado de desconfiança
Desolação, indiferença, sofrimento e dor.