HUMANIDADE NAS RELAÇÕES HUMANAS
Penso que antes de termos uma preferência política ou uma religião; uma ideologia, uma doutrina ou, então, um partido, somos seres humanos que tem o dever de respeitar o próximo e compreendê-lo; e, em contrapartida, o direito de ser respeitado, amado e compreendido.
Antes de nos definirmos e nos enquadrarmos numa categoria, existimos num mundo que caminha ambicioso e conturbado. Ainda que sejamos determinados pelas condições sócio-ecoõmico-culturais, é possível que cumpramos o único desígnio pacificante que temos ao nosso alcance, a saber, o de resplandecer a luz do amor e da misericórdia sobre os seres, sobretudo germinando os seus frutos na consciência dos homens- independente de qual situação nos encontremos.
Mas o que é necessário ser realizado para que a consciência da benevolência e da justiça se dissemine profundamente na cultura de nosso pais, onde o que está em jogo é o destino de uma nação assolada pelo banditismo, pela mentira, pelo cinismo e pela fraudulência?O que está acontecendo no Brasil infelizmente é o desrespeito generalizado, a falta de empatia e de solidariedade entre as pessoas, até mesmo entre aquelas que pertencem à mesma família.
Pois, de fato, nunca houve tanto embotamento afetivo, tanta insensibilidade, tanta malícia e, especialmente, ausência de honestidade como nos tempos atuais, impelindo a humanidade a uma crise profunda de valores morais e espirituais; a política brasileira, em particular, e a política dos demais paises do mundo, em geral, apenas refletem a aridez espiritual que tomou conta do coração de grande parte dos homens, de tal modo que as ações humanas em sociedade e as relações interpessoais no âmbito da vida social ficam condenadas a um empobrecimento generalizado de afeto e de empatia. Francamente, se o povo brasileiro não for ensinado desde o berço a ter consciência ética e princípios morais sólidos, enraizados; e se não estiver presente em cada um de nós a urgência do amor ao próximo, não adiantará sequer nos revoltarmos com a política que é praticada no âmbito de nosso pais, tampouco vomitarmos nosso ódio ou escarrarmos nossos protestos contra quem é adverso aos nossos princípios.
Uma vez que não reconhecemos quem somos e o que somos, como poderemos exigir que o mundo seja melhor para todos viverem? Uma vez que nos mantemos nas trevas da ignorância e da iniquidade, como poderemos manifestar rebelião contra as injustiças que se cometem diariamente?
Logo, se quisermos um pais melhor, é preciso que tenhamos consciência do que precisamos mudar em nós mesmos; do contrário, nos perderemos em palavratórios vazios apenas para camuflar nossa miséria eapiritual e, o que é ainda pior, ostentando um falso intelectualismo sem qualquer interesse pela dignidade do outro no cotidiano.
Como bem dizia Jung num dos seus primeiros escritos publicados, A psicologia do inconsciente, ainda sob grande influência de Freud: ''A psicologia do indivíduo corresponde à psicologia das nações. As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começara a transformar-se a psicologia da nação.” Certamente, é através das ações dos indivíduos e das relações interpessoais impulsionadas pelo contexto em que vivem, que uma nação desenvolve sua cultura e sua história, passando a ter hábitos e costumes que refletem o modo de vida dos mesmos indivíduos entrelaçados em teias de relações complexas.
Partindo da premissa de que somos nós mesmos os responsáveis pela nossa história, temos ao nosso alcance os nossos desejos, sonhos e vontades para sermos o que quisermos ser.Sendo assim, o maior desafio que temos pela frente, é nos responsabilizarmos pelas nossas escolhas ao assumirmos as consequências que procedem das mesmas.
Portanto, ou despertamos para a realidade do qual fazemos parte, mudando nossas condutas mais detestáveis e desprezíveis; ou nos afundaremos na mentira e na perversão, responsabilizando os outros pelos males que se sucedem conosco em razão do que plantamos com nossas ações e atitudes. A relacionalidade que permeia a vida dos indivíduos de uma nação, a sua cultura, só se desenvolve de forma positiva quando os mesmos no seu cotidiano se conscientizam da necessidade espiritual do respeito mútuo, da solidariedade, da fraternidade e da justiça que motiva a liberdade de ser.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 28/11/2016
Alterado em 28/11/2016