O AMOR NA TOTALIDADE DO SER
O amor de Deus não está presente apenas na exterioridade de nossas ações reveladas aos olhos de outrem, o que também é muito importante; mas é antes uma dádiva que penetra no mais profundo do nosso ser, que vai desde a crosta ou as camadas mais superficiais (aparência externa), até as regiões mais secretas da alma, sendo esse amor capaz de impedir a existência de qualquer resquício de ambivalência, falsidade e hipocrisia que poderiam corromper a vida humana com torpezas e imundícies de todas as espécies.
Portanto, para sermos considerados pessoas virtuosas e responsáveis, não basta somente mostrarmos publicamente ações de caridade em nome de uma crença, se não houver antes a luz do espírito santo resplandecendo em nosso íntimo; uma luz misericordiosa a proporcionar uma experiência interior de valor incomensurável para a vida. Do contrário, tudo não passaria de um engano camuflado por uma falsa imagem estereotipada de santidade.
Quanto aquelas pessoas que vivem de máscaras, de camuflagens, de bajulações e do ''politicamente correto'', existem apenas para serem aceitas na sociedade; mas negligenciam o que há de mais essencial em si mesmas: a transparência de seu ser.
Uma pessoa, na sua totalidade, não é somente compreendida pelos seus aspectos secundários e acidentais, mas também e principalmente pelo essencial que se faz presente e a habita; sendo a própria manifestação da graça e do amor de Deus fundamentais para a constituição de nossa personalidade e para a formação de nossa integridade.
Um ser humano honesto e que está alicerçado por princípios de justiça, amor e solidariedade, produz espontaneamente aquilo que o seu interior está repleto, fazendo questão de viver conforme a verdade ao semear para o mundo o que há de mais sublime, edificante e restaurador em termos de experiência espiritual.
E quanto mais profundidade espiritual for repleto o Dasein (ser aí), ao ponto de refletir nas suas ações, comportamentos e gestos mais singelos, mais riqueza interior e sabedoria é dotado; estando em condições, até mesmo, de espalhar veracidade, beleza e compaixão para um contexto trevosamente tortuoso e corrompido. Se não dermos valor nas riquezas que não podemos comprar, naquelas riquezas que manifestamos madiante o amor por ações restauradoras e benévolas, viveremos insatisfeitos em tudo o que fazemos, até mesmo com os bens materiais que compramos com o suor de nosso trabalho. Pois, de fato, são as riquezas que habitam no interior do homem (amor, solidariedade, caridade, humildade e sinceridade), riquezas germinadas pela graça de Deus, as únicas que o tempo, os vermes e a morte não podem deteriorar.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 03/12/2016
Alterado em 03/12/2016