https://ale.recantodasletras.com.br/
![]() |
![]() |
![]()
RETORNO AO CAIS DA BEM-AVENTURANÇA
O caminho sombrio que a humanidade
Na trilha do caos percorre, Originária da escolha Que nos fez seres decadentes (Porquanto fomos tomados Pela consciência doentia de nossa decrepitude), É cheio de imprevistos, de ciladas e de lamentações... E repleto de tantos tantos escolhos inesperados... Sentimos que vem ao nosso encontro Um vento gélido sussurrando incessantemente Enquanto desfrutamos Da morte com sua fisionomia Esquálida e fria. Uma fisionomia que nos faz lembrar Que na frente do espelho O nada é a nossa imagem e semelhança A refletir um olhar lacrimal cheio de incertezas. Desde que nascemos Trazemos o germe da morte Impregnada em nosso ser. Desde que nascemos Desfrutamos da ciência Do bem e do mal. Desde que nascemos Aprendemos a sorrir e a chorar, A bem-dizer e a maldizer, A amar e a odiar, Vivendo sob um conflito lacerante. Nesse jogo incessante De opostos irreconciliáveis, O que esperar do homem Senão miséria, corrupção e iniquidade De sua própria natureza transviada? Pois a vida, tão consumida Pela inexorabilidade do tempo, Vem a ser um carnaval De ilusões e de descobertas, E também de surpresas e de vicissitudes. Tudo o que nasceu Sentiu a angústia das perdas inesperadas, Bem como as renovações profundas. Mas todos os que morreram, certamente Aguardarão sinais e respostas misteriosas Que um dia lhes serão reveladas! Mas até quando contemplar A morte na sua terrível frieza: Consequência direta De nossas depravações E de nossas pecaminosas seduções? As trevas tomaram conta do mundo E o abismo é criado a passos largos Pela inteligência humana Que tudo pretende Presunçosa e de forma soberba invadir. A ausência de calor Fez brotar o frio que acumula na alma; E a ausência de amor Fez penetrar a morte sobre nossas vidas. A ausência de virtude e de benevolência Produziu o ocaso da maldade; E a ausência de uma fé abrasante, Criou a dúvida que nada constrói e edifica. A luz é quem dá orientação e direção Para todo aquele que vive a esmo; Assim como o amor é quem cria sentido, Como também dá vida e vigor Para a alma que jaz moribunda Diante de tantos rancores e ressentimentos. Mas é no cais da bem-aventurança que estará Todo aquele que busca sair desse conformismo; É no cais da bem-aventurança Que estará aquele que preferiu Tão somente se munir da luz da graça. Ao invés do ódio e do rancor, Preferiu antes irradiar a luz do amor, Vivendo independente dos espectros De tão agudos espinhos Capazes de macular as almas De quem se alimentou de muitas abominações Com aspecto de bons frutos. É o destino das almas Enriquecidas de sinceridade e fervor, Viver tão somente da poesia inspirada Pelos clamores dos grandes homens de Deus. No lirismo de suas preces, Há uma ânsia que um dia irá cessar, Uma ânsia de voltar integralmente Aos braços do fiel cordeiro Que prevalece até o fim dos séculos... No clamor de uma alma contrita Saem palavras cujo intento é triunfar Sobre o que perece e o que não prevalece... E, em contrapartida, se alimentar Somente do que edifica o ser... E somente do que é perene e imutável. Pois as trevas não prevalecerão sobre a luz, Tampouco a morte reinará sobre a vida Dos que amam sinceramente a Cristo! Como a morte não equivale a vida, Não tem força alguma diante da eternidade, Assim também o mal não tem A mesma equivalência do bem, Porquanto não participa Do reino da luz e de suas miríades de justos! A força do bem há de prevalecer... E a riqueza do amor certamente Há de edificar eternamente A vida dos cansados e oprimidos. A vida serenamente irá governar (Vencendo então todo o jugo da morte!), Enquanto a graça há de triunfar No coração aflito De todos os justos que nunca se venderam Em troca de tudo o que está fadado a se esvair. O que está, infelizmente, distante de toda Essa perfeição de Deus (O único a nos dar hospitalidade eternal) Fica desprovido De uma razão de ser, De um sentido último Que nos motive a viver Nos mais altos cumes da liberdade. Mas todo aquele que retornou Ao cais da bem-aventurança E se ornamentou De novíssimas e puras vestes Presenteadas pelo Rei da eternidade, Viverá guarnecido de uma fortaleza E de uma riqueza que não se compra Em nenhum lugar desse mundo. Somente uma riqueza dessa magnitude, Uma riqueza composta por cordas De um amor excelso e libertador, É que pode ataviar De encantos todos o que são Capazes de reconhecer o justo caminho Aberto pela luz de seu único e fiel redentor.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 11/12/2016
Alterado em 24/12/2020 Copyright © 2016. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|
![]() |
Site do Escritor criado por
Recanto das Letras
|
![]() |