NOS VOOS DAS LEMBRANÇAS E PERCEPÇÕES
No céu nublado de uma bela noite chuvosa,
No interior dessa grande cidade cosmopolita,
Onde a fantasia, os devaneios e os sonhos
Exalam suas fragrâncias
Como uma doce flor banhada de orvalho,
Tenho a sensação
De que há muitas coisas
Que ainda não percebemos...
Tantas miragens repletas de vibrações insólitas,
Em compensação fenômenos marcantes
Para serem bastante contemplados;
E também intuições e visões
Que serão ressignificadas sucessivas vezes
Com o tempo que transforma ou aniquila.
Em.meio a essa maré trazida
Por essa atmosfera, aparecem
Revelações edificantes que se perpetuarão
Através dos séculos,
Estando guardadas
No íntimo de quem as contemplou.
Vivencio as mesmas melancolias
E nostalgias de sempre...
Pois tudo o que existe em mim
Resulta de uma intensa e singular sensibilidade,
Por isso não faço outra coisa
Senão em versos cantar
O ímpeto das minhas paixões
E o amor que sinto,
Especialmente quando contemplo
Toda a beleza que toca a alma,
Como aquelas com sua grandeza perenal!
Há alegrias que se perpetuarão na memória
Enquanto passeio a esmo
Para sentir a pulsação desse universo caótico,
Que não passa de um vasto macrocosmo
Naufragado numa atmosfera
Tão soturna, mas ao mesmo tempo
Cheio de exuberâncias
Perdidas por cantos tão esquecidos!
Em permanente transformação é a vida,
Assim também é esse lugar
Em que estive inúmeras vezes
Contemplando os ruídos e os murmúrios
De vozes cheias de entusiasmo...
Em vários momentos
Um aroma peculiar envolvia a minha alma;
Em vários momentos
Uma expectativa diferente
Se apossava da minha existência soturna;
Em vários momentos
Um anseio secreto embalava meus dias,
Mas que hoje milagrosamente
Não mais assombrou-me aqueles nocivos vestígios
Dessas épocas remotas,
Hoje já perdidas em brumas...
Penso que na minha alma
Habita algumas das reminiscências
E ecos de sensações e vivências
Daqueles momentos que já não existem mais...
Mas dentro de mim
Sinto que uma porção do que já não é
Ainda prevalece no meu ser
Como fósseis ainda vivos
De uma época negligentemente sepultada.
Há dias que sinto falta de estar inebriado
Nessa atmosfera impregnada
De tantas almas cheias de sonhos
E de aspirações singulares...
Há dias que minha alma canta e vibra
Com as melodias e as sonoridades
Que, mesmo peregrinando
Nos escombros de um passado remoro,
Irradiam beleza e novidade
Pelos ares mais enigmáticos
Da imensa cidade
De meus sonhos mais abissais...
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 12/12/2016
Alterado em 11/10/2019
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