É sempre bom discernirmos, antes de fazermos uma verdadeira confusão ao ponto de chamar de amigo um mero conhecido que não merece tal consideração. Amizade, de fato, é algo muito mais profundo e delicado, vai muito mais além do que a relação que mantemos com aqueles que consideramos colegas de trabalho ou, o que é pior, companheiros de festa, pois além da responsabilidade propriamente dita, é importante que esteja presente: a fidelidade, a empatia, a confiança, a generosidade e a intimidade das almas. A amizade, portanto, não tem nada haver com relações de conveniência, tão típicas de nosso tempo. Certamente, requer grande dedicação por parte daqueles que tem como meta perpetuar uma relação das mais belas e verdadeiras. Há um versículo na Bíblia, em provérbios, no qual está expresso perfeitamente o sentido de se cultivar uma amizade pura e singela: "O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.'' (Prov: 17:17). Concordo plenamente com essa passagem da Bíblia... Para falar a verdade, há amigos que, ao irradiarem de seu ser as fragrâncias de uma profunda espiritualidade, vivem em incrível sintonia e comunhão...há amigos que fazem questão de serem intimamente próximos, sem permitirem que o vínculo (capaz de os manterem unidos e perseverantes) se enfraqueça através das mais tolas vaidades. De fato, há amigos que conseguem estabelecer uma relação mais fraternal do que até mesmo algumas relações de irmãos consanguíneos. A amizade mais verdadeira é aquela onde não está presente qualquer manifestação de persuasão e nem tampouco a indiferença com a dor alheia. Pois na amizade autêntica e permeada de verdade, sempre estará presente a dádiva singela do amor (philia) que guia duas almas abertas ao diálogo e à cumplicidade.