O FALSO MORALISMO
Quando julgamos uma pessoa pelo que aparenta ser, esquecemos de perceber o quanto somos limitados e covardes. Para dizer com franqueza, uma pessoa que age assim prefere dizer superficialmente o que acha de outrem, dizendo falsidades, ao invés de notar a si mesma (e prestar atenção nas suas condutas). Ora, quem esquece de si mesmo sofre as consequências de um esvaziamento existencial, sintoma típico de nosso tempo...O vazio existencial é, sobretudo, um sintoma típico de indivíduos disprovidos de alegria de viver, além de serem desprovidos da presença marcante da graça que eleva consideravelmente o espírito.
Uma pessoa que tenta conhecer a si mesma e se descobre a todo momento, consegue ser mais flexível com o seu semelhante. Um ser humano que age dessa forma, busca compreender o seu semelhante através da sensibilidade, em de invés de julgá-lo pela aparência.
Quando não notamos a sombra que nos acompanha (para usar um termo utilizado por Jung), ou as deformidades que se revelam sutilmente, caímos na armadilha de um falso moralismo, porém quem consegue romper essa barreira não só percebe a sua própria escuridão, como também se torna mais auto-crítico com suas atitudes, chegando muitas vezes, e com grande força de vontade, a se libertar de todas as esquisitices e perversões presentes em seu ser, principalmente quando se dá conta do quanto é falho e do quanto perdeu de bom na vida com o seu modo de ser...
E quanto mais conseguimos nos dar conta de nossa condição, mais somos capazes de descobrir que há um Ser Supremo que pode nos salvar da miséria espiritual, para isso é necessário que a sinceridade infiltre nas profundezas de nosso ser. Se buscamos viver da integridade e também preenchidos pela luz divina do discernimento habitando em nosso íntimo, certamente iremos nos transformar, além de renascermos espiritualmente como uma flor em terra árida e deserta...
Transmutando os nosss valores mais enraizados e os nossos preconceitos sedimentados pela tradição, conseguiremos não viver sob o peso de uma máscara, mas antes viveremos pela leveza da graça (a impedir o surgimento de uma terrível e tenebrosa falsa consciência).Pois todos nós que buscamos obter autoconhecimento, somos conscientes de que a maior falência moral consiste no vício de julgarmos o próximo indiscriminadamente; enquanto que o maior gesto de sabedoria é a humildade para reconhecermos nossas limitações e dificuldades.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 02/01/2017
Alterado em 02/01/2017
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