Na história da humanidade, apesar de existirem tantos projetos e tentativas de instaurar sociedades utópicas, quase nada de bom, ou melhor dizendo, muito pouco foi realizado pelo ser humano no sentido de uma sociedade verdadeiramente utópica, harmoniosa e fraterna, tal como aquela idealizada pela filosofia de Thomas More... e até mesmo pelo projeto de Rousseau (um teórico que pensou na possibilidade da criação de uma sociedade mais justa com a elaboração de sua obra principal  ''do contrato social'', infelizmente produzida em plena era do engano).

Tudo o que se instaurou ao longo dos séculos, mesmo nas sociedades mais primitvas, redundou num fracasso completo, inclusive os grandes ideais produzidos pelo iluminismo com suas falsas promessas de justiça, liberdade e esclarecimento...Pois a democratização desses ideais, pensados por tantos homens geniais, foi apenas manobras ideológicas usadas pela elite,a fim de colocar no poder uma nova classe que ascendia desde então. A burguesia, naquele contexto, sedenta por revolução, só defendia seus interesses de classe.

Não podemos deixar de esquecer que tais interesses foram importantes para o surgimento da primevera dos portos, onde as diversas nações começaram a adiquirir identidade própria, ilusóriamente acreditando em tantas promessas quantas forem necessárias para alimentar interesses privados, origináriamente ideológicos e desumanos. É diante de tantas inverdades professadas, que a própria racionalidade científica, oriunda do humanismo, pretendia cada vez mais prevalescer sobre a genuína fé religiosa, e, sobretudo, exercer controle e grande poder sobre povos locais, de tal modo que pudesse pairar acima do amor cristão e demais elementos fundamentais para uma humanidade mais justa.

O comunismo e o socialismo utópico, com suas promessas utópicas e libertárias pelo mundo afora, objetivando criar um paraíso nunca antes visto e, também, promover a melhoria das condições materiais da sociedade, quiseram derrubar e superar o capitalismo, almejando explodir, com tamanha violência, ressentimento e ódio, a base desse sistema explorador. Que é seguramente tão perverso e caótico, quanto todas as concretizações ou tentativas de se manter no poder existentes, mas também tão elitista e autárquico, quanto tantas façanhas sanguinárias que sugaram a seiva de outras nações enfraquecidas!

A versão mais materialista de uma sociedade comunista impôs sérios limites a existência da religião, contribuindo para que grande parte dos intelectuais dos séculos vindouros fundamentassem suas ideias sem qualquer base religiosa e mistica. Tanta dessacralização, só contribuiu para que o mundo se tornasse mais empobrecido, e a máquina da morte se espalhasse no âmbito das sociedades capitalistas e comunistas tanto do passadoquanto do presente, a cada dia que passa criando seus algozes e eliminando seus dissidentes.

A humanidade quiz tirar DEUS de seu destino, e em seguida esqueceu de seu filho, JESUS CRISTO, que morreu na cruz para savar cada ser humano decaído pelos seus pecados.Mesmo assim, e nessas condições,muitos sonham com uma utopia, com uma sociedade mais justa e livre, e até mesmo mais verdadeira para todos viverem; porém, petrificados pela arrogância, renegam a divindade de Cristo e o sentido de sua missão contida no testemuno de suas obras.

Há tantas fantasias a seviço da especulação sobre a possibilidade de um reino dos justos sobre a terra, de uma verdadeira utopia... Mas até que ponto estaremos preparados para a prática da virtude, do amor e da caridade, tal como fez Jesus diante das adversidades da vida? Há, ainda, tantas tentativas de remediarem os males da humanidade e trazerem, consigo, grandes soluções mágicas, tais como inventos e fórmulas para a melhoria das consciências...

Mas, volto a indagar, até que ponto é importante para o aperfeiçoamento da humanidade? Pois, como bem disse uma vez o apóstolo Paulo, se não tivermos amor, de nada adianta querermos fazer coisas tão magníficas! -''Ainda que eu fale todas as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor sou como o bronze que soa ou o sino que retine... mesmo que tivesse toda a fé a ponto de, transportar montanhas, se não tiver amor, não serei nada''. Volto a dzer, de nada adianta, tudo é em vão, nada faz sentido esse mundo, caso não houver amor e caridade provenientes de DEUS, principalmente no que diz respeito a elaboração das grandes criações humanas que foram idealizadas para melhorar a humanidade!

A própria fantasia, quando está a serviço da vivência de sonhar algum dia com o paraíso, ou melhor dizendo, com uma nova Jerusalém enquanto morada para habitarmos em glória (e dessa forma contemplando, eternamente, uma nova cidade celestial onde não há mais sofrimento e angústa, mas apenas o reinado da bem-aventurança), sempre é muito saudável e enriquecedor, pois alimenta perspectivas e fortalece nossa esperança de vencermos a morte sob a misericórdia de DEUS.Uma sociedade utópica significa lugar nenhum, mas quando o assunto é eternidade, o significado 'lugar nenhum'', que faz jus a etimologia da palavra, toma outro rumo, servindo como consolo de uma verdadeira promessa para todos os homens de imenso fervor que, mesmo nesse mundo, ainda alimentam sonhos de teor utópico sob os desígnios de DEUS.

Pois bem, posso dizer que é pelo direito que temos de sonhar e pelas perspectivas que se abrem para um futuro glorioso, que continuamos vivos, nunca deixando de acreditar na eternidade que está para além da nossa capacidade imaginativa e racional. É pela vontade de continuarmos vivos, de continuarmos existindo num mundo melhor e mais harmonico (nunca deixando de ser, haja visto que é angustiante pensar na possibilidade do não-ser e do nada) que o sentimento e a ânsia de eternidade se fundam em nosso ser, assumindo um caráter de busca pelo divino amor de Deus.

É pela perspectiva de alcançarmos a redenção sob os cuidados de Cristo, que os sonhos de uma vida melhor continuam presentes em nosso ideário, ou melhor, de todos aqueles que não negaram Cristo. Pois, na verdade, é nele que depositamos toda a esperança, e também uma fé irrestrita que cresce dia após dia junto com a semente da caridade.

Mas afinal, o que são as utopias, que povoam nosso ideário ( tantas que foram pensadas e fantasiadas para vencermos a angústia da realidade histórica em que vivemos!), senão a procura pela redenção, principalmente para a existência de um povo que foi vitimado pelo descaso e pela corrupção? Nenhuma certeza ideologica pode nos amparar e nos consolar nesse mundo quanto a uma melhoria social em escala planetária...Mas e a redenção trazida por Cristo: não seria a verdadeira busca de todos aqueles que ânsiam pela eternidade de uma vida coroada pela glória e pela justiça?

O amor de um Ser pela humanidade sofredora, o amor que o levou a tamanho martírio (de um ser de natureza humana e divina) é o que basta para acreditarmos que só há uma única forma de sermos salvos da decadência que imergiu o mundo...Sim, a única redenção possível para todos nós (e o único caminho a ser seguido), é viver, portanto, do amor incondicional de Cristo, disseminando sua luz para todos os cantos do mundo!