NOVAS POSSIBILIDADES DE PERCEBERMOS O MUNDO
Quando abrimos as nossas possibilidades para percebermos o mundo, damos um outro sentido às coisas que nos cercam; se ousarmos o suficiente, vemos que a forma como tratamos o mundo à nossa volta perde o encanto, pois a nossa tendência habitual é dessacralizar e desmistificar tudo o que está diante de nós; mas esquecemos que a ciência, responsável por operar essa transformação em nossas vidas, não deixa de proporcionar um encanto ou fetiche àqueles que se apegam tanto a ela, ao ponto de esquecerem que há outras alternativas para percebermos o que nos rodeia, e que não seja unicamente esse cientificismo cego que condiciona e domina nossas vidas.
Perceber o encanto e a magia das coisas, por vias alternativas, é estar aberto, mas sem dogmatismo, a novas experiências, apaixonantemente vivenciadas. A ciência sem dúvida é muito importante em nossas vidas, mas ela pode ser nociva e inflexivelmente fria se quem a põe em prática acreditar que pode como fazem muitos médicos: ao medicarem desenfreadamente a vida de seus pacientes, achando que é só receitar um medicamento salvador como forma milagrosa de resolver os males da humanidade; ou, então, como fazem os tecnocratas: ao acreditarem cegamente que o seu conhecimento produzido pode libertar a humanidade de toda e qualquer ameaça, as mesmas que desde os tempos mais arcaicos tem nos amedrontado!
Se tudo isso estiver claro, a ciência pode nos auxiliar e muito no conhecimento de nós mesmos e da sociedade, pode também favorecer a nossa percepção do mundo à nossa volta, desde que seja esclarecido que não é somente o seu conhecimento e descobertas que poderão salvar o indivíduo de sua derrocada; além disso, pode auxiliá-lo em descobrir uma maneira de repensar a sua vida e rever suas relações com seus semelhantes.
A ciência pode até mesmo auxiliar o indivíduo sobre a sua alienação, desde que este seja livre para repensar sua condição e não seja um mero jogo do discurso vigente! Muitos, entorpecidos e vislumbrados pelo uso que fazem dos bens proporcionados pela tecnocracia, vivem como se existisse somente essa via para se viver e assim deixam de lado outras possibilidades que poderiam ser vivenciadas até de forma mais saudável e enriquecedora.Cabe a todos nós colocar esse pensamento em questão e não achar que não vale a pena qualquer tentativa de reflexão!
O mundo, sempre quando esteve dominado quase de forma absoluta pela cegueira de um pensar calculador, controlador, disciplinante e manipulador, esteve em vias de afundar de vez na escuridão, épocas como aquelas governadas pelos mais ferozes totalitarismos e sangrentas ditaduras são exemplos que ilustram muito bem o quanto o ser humano ficou reduzido a uma condição sub-humana, a uma condição mínima, como se fosse um verme ou até mesmo um nada.
Nos dias de hoje parece que não aprendemos em nada com os milhões de corpos carbonizados em campos de concentração nos anos sombrios da grande guerra mundial, e também com as atrocidades cometidas contra aqueles que se opuseram às mais ferozes ditaduras da América-Latina. A humanidade ainda insiste em viver das mesmas ilusões... enquanto vivemos essa realidade, as relações humanas ficam cada vez mais ameaçadas pelo egoísmo e por esse culto exagerado do ''EU'', onde o outro perde seu espaço enquanto possibilidade de diálogo permanente para dar lugar a indiferença e frieza nas relações. O que se instaura a partir disso é a intolerância absoluta com outrem, ou melhor, contra o próximo, principalmente em situações onde os pensamentos e as perspectivas individuais são sufocado em nome de uma coletividade massificada.
Quem insiste em pensar diferente, mas ao mesmo tempo respeitando o seu semelhante através da solidariedade e da solicitude, senão aquele que, com muita força de vontade (e crendo no potencial de ser algo mais do que uma máquina hostil e ameaçadora), prefere se manter nessa atitude frente a vida independente de ser bem aceito nos dias de hoje?
As circunstâncias em que vivemos parecem contribuir para sermos pessoas inautênticas e cheias de máscaras e falsidades, mas se tivermos em pauta, sempre que esmorecermos no meio do caminho, a verdade da palavra de Deus a irradiar para o nosso interior (e muitas outras formas de falar de sabedoria, como por exemplo: na comunicação dos mais belos testemunhos através de nossas vivencias pessoais, a disseminação do aprendizado obtido na convivência diária com aquelas pessoas que estimamos, ou, então, a propagação dos grandes exemplos de homens que foram grandiosos pelas obras que fizeram pela humanidade, homens inspiradoss por Deus), então passaremos a encarar o mundo de outra forma, demonstrando gestos e atitudes que fazem diferença para nós mesmos e para os outros que estão ao nosso redor.
Sair desse véu espesso que nos desencoraja ou nos aliena, dessas mentiras e farsas que nos impossibilita transcendermos esse nível em que decaímos, como se estivéssemos vivendo em gaiolas sem grades, requer honestidade do indivíduo consigo mesmo, com Deus e com as pessoas que ama; do contrário viverá dominado por valores que surgem e escravizam seu ser, valores que só geram lucro para as industrias ou instituições que enriquecem demasiadamente com nosso embrutecimento, sobretudo, espiritual; quando isso acontece, e enquanto permanecemos num estado de extrema miséria espiritual, nosso coração se torna esvaziado de tudo: de Deus, de amor, de estima própria, de vida, de experiências edificantes e de tudo o que pode dar ao indivíduo a chance de reverenciar, da forma mais singela possível, o sentido e o mistério da vida.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 19/01/2017
Alterado em 19/01/2017