Entre tantas sabedorias desfilando suas ''verdades incontestáveis'' para os povos, poucas são aquelas que edificam e fortalecem nossas almas. Muitas delas trazem consigo tanto vazio, que o sentido de viver se esvazia, perdendo, asceticamente, todo o seu valor e encanto. Pois justificativas para desistir da vida não faltam nesse mundo. De dato, podemos pela refexão elucidar, descrever e interpretar o fenômeno do niilismo e, partir daí, chegar a conclusão de que viver é um absurdo (tanto a futilidade das ações humanas no palco alienante do cotidiano, quanto a cultura de uma sociedade, são algumas dentre tantas outras das razões para que haja uma forma de pensar inconsistente e absolutamente desprovida de transcendência).

Mas um saber só pode ser pleno e consistente quando somos edificados por ele, quando temos condições de extrair dele, de seus eflúvios e cintilações, o sentido último da vida, fazendo com que encontremos, a partir daí, um significado até mesmo para o sofrimento e para as nossas inquietações!

Pois a experiência do aprendizado que tivemos com os sofrimentos e com os martírios da vida, também é indispensável para vivermos novas experiências, dessa vez mais enriquecedoras...Mas essas experiências só possuem seu verdadeiro valor a partir do momento em que reconhecemos nossas limitações e do quanto precisamos de Deus para tranquilizar nossas almas, pois só ELE quem urgentemente apascenta todas as dores mal curadas e as chagas das tristezas mais profundas!

Só podemos nos manter plenos no decorrer de nossas vidas se tivermos consciência do quanto somos importantes para as pessoas que amamos ; e também se tivermos consciência do quanto o amor é imprescindível para nossa existência, pois é dessa fonte que fomos originados, não somente pela iniciativa de nossos pais, mas sob a permissão do único a quem devemos gratidão por estarmos vivos e triunfantes (e que, apesar das guerras que travamos nas mais diversas fases e situações vividas, podemos fazer uma história de vida repleta de conquistas e sabedoria.)

Para sentirmos que somos livremente responsáveis ou responsávelmente livres, ou ainda, que estamos libertos das opressões do mundo, precisamos descer um pouco no abismo de nossa fragilidade, algumas vezes conhcendo o prisão que oprime e dilacera nossas almas. Também para conhecermos o amor, é indispensável trilhar caminhos onde quase não há perspectiva dessa dádiva; viver em circunstâncias onde há indiferença e desconsideração pelo próximo, algumas vezes nos aproximando da miséria dos homens que são desprovidos da liberdade de amar o seu próximo; ou melhor dizendo, conviver com pessoas desprovidas de gratidão, amor, cuidado e temor a Deus.

Sem dúvida, uma desolação passageira na vida nos ensina a perceber as pessoas que mantemos vínculos de amizade; enfim, valorizando muito mais a qualidade e a sinceridade de uma relação interpessoal do que propriamente as aparências que revelamos ao nosso semelhante. Ora, não são algumas conjunturas da vida que fazem dos grandes homens pessoas mais perspicazes e sensíveis quanto às necessidades de quem passou pela mesma dor ou viveu uma situação parecida?

Nessas circunstâncias onde aparentemente não há sentido, passamos a dar valor em coisas que outrora não dávamos significado ...Uma verdadeira busca, portanto, só se inicia quando experimentamos em nosso íntimo o seu oposto, só assim o sentido de estarmos livres ou de conhecermos o verdadeiro amor se completa em nossas vidas! Pois nos momentos em que nossos corações pulsam por uma busca elevada, temos a escolha de sermos responsáveis pelo nosso destino, ainda mais quando temos no âmago de nossa alma a verdade perene de Deus, que é o único que pode exaltar e engrandecer o nosso ser.