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NA ILHA DOS MEDOS
Uma praça artificial
E um parque guarnecido de exuberância Foram feitos para abrigar Toda forma de comodidade e segurança Como maneiras de ''libertarem'' Os moradores do caos da sociedade. Mas bem no íntimo Ainda há alguns vestígios De temores e inseguranças. Tanto estes quanto aqueles Espreitam muitos semblantes carrancudos, Hoje tão perdidos no anonimato do absurdo! Uma ilha revestida com todos os privilégios E conforto os mais diversificados, Só contribui para que a fantasmagoria De um sentimento súbito Acompanhe a vida confortável Dos habitantes perdidos dessa ilha. Superprotegidos pelas muralhas da desolação, Os abastados manter-se-ão sempre rodeados Por poderosos aparatos de segurança Instalados por todas as direções; E o cativeiro instituído em nome do ‘’bem comum’’ Se revestiu de um nome Até mais harmonioso e mais aprazível... Porém suficiente para todos acreditarem Que vivem num paraíso próspero. Um homem sai à rua Disfarçado de outro que não seja ele mesmo; Uma mulher com seu filho pálido e sem vida Percorre um caminho tão curto que não é possível Vislumbrar melhor a beleza do dia; Já a idosa, naturalmente fragilizada e cansada, Prefere perecer no seu asilo, Em vez de contemplar O que há de mais convidativo e interessante Ao redor do seu castelo de ilusões Sob o disfarce da comodidade e do conforto. O que aconteceu com todas essas pessoas E seus planos estratégicos e à longo prazo Para uma vida mais feliz e livre? Foram convencidos nessa zona de conforto A viverem na letargia e no conformismo; Mas, sobretudo, foram persuadidos Em se contentarem Com as diversões, as ilusões E os demais subterfúgios proporcionados Sob muito zelo sombrio e despótico... O que resta de agora em diante É apenas vislumbrarem, Com a boca farta de miséria, O seu suntuoso e abastado claustro Disfarçado de habitação. Um claustro que não faz outra coisa senão Anestesiar toda a intensidade De seu inaudível sofrimento.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 30/01/2017
Alterado em 15/06/2019 Copyright © 2017. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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