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Poesias, ensaios e reflexões de Alessandro
O segredo da existência humana reside não só em viver, mas também em saber para que se vive. F. D.
Textos
AS INCERTEZAS DA VIDA E A ABERTURA PARA O PODER SER AUTÊNTICO E LIVRE
Se atentarmos bem para a nossa vida, podemos ver que a única certeza que podemos tirar dela é a incerteza do que se sucederá e, além do mais, de que um dia iremos morrer. Todavia, quem saberá dizer ao certo quando? Quem pode dizer que os planos que elaboramos à longo e até mesmo à curto prazo se cumprirão quando atingir o tempo de colocá-los em prática?

Em alguns casos, os planos que elaboramos ao longo da vida chegam a se cumprir, mas quanto a dizer sobre o tempo que isso leva, é algo que não cabe a nenhum de nós. Pois a vida mesma é cheia de encruzilhadas, muitas vezes ficamos parados sem saber qual direção tomarmos, a fim de nos aproximarmos do cais da bem aventurança. É o que basta para percebermos que não somos pessoas extáticas e previsíveis; ao contrário somos seres em movimento, em contínua busca de algo que nos satisfaça; e também imprevisíveis, pois as nossas ações pelo mundo estão sempre mudando de rumo: o que hoje é uma coisa, amanhã já não é mais...o que hoje desejamos, amanha não aspiramos mais...e assim até o fim de nossas vidas terrenas!

É imprescindível termos consciência de que a existência humana está sempre num processo de vir a ser; ela está, portanto, sempre (in-)concluída, por essa razão estamos sempre insatisfeitos; por outro lado, sempre temos uma estrada de aspirações sem fim enquanto estivermos vivos...

Mas só ficamos angustiados ao sabermos que a vida chegará ao seu término quando um dia estivermos idosos ou próximos da morte em decorrência de um pressentimento; do contrário, viveremos como se nunca fossemos passar pela morte (...) Além do mais só quando chegarmos próximos do término da vida, conseguiremos com sabedoria analisar com profundidade de espírito o que significou tudo aquilo que vivemos.

Mas enquanto vivermos conscientes de nossa condição, entenderemos que nunca concluiremos nossos sonhos e projetos; que, na verdade, sempre haverá algo para realizarmos, pois a vida é sempre constituída de esperanças, de expectativas, de lutas intermináveis e de breves instantes de paz. Podemos definir o ser humano nos moldes do  pensamento do Kierkegaard, um pensamento que define o homem como uma síntese de finito e de infinito, de temporal e eterno, de liberdade e de necessidade.

Enquanto vivermos sentiremos o quanto somos paradoxais! Ao mesmo tempo que vivenciamos as angústias do devir, podemos contemplar com exultação de alma as promessas gloriosas da vida eterna!

Frente ao nada sabemos que tudo é possível, mas só quem descobriu a nulidade do mundo no âmbito das atividades ou atitudes do homem de massa, está num estado de abertura quanto as possibilidades que vem ao seu encalço; este indivíduo sem dúvida se desvencilhou das amarras do coletivo e de suas sugestões para lá de suspeitas e aprendeu o prazer de se tornar si-mesmo; é de, agora em diante, uma pessoa livre para trilhar novos caminhos, na esperança de que sejam mais acessíveis para a realização de suas próprias potencialidades individuais!

Muitas seres humanos se deixam arrastar pela força de uma coletividade eufórica e persuasiva, fazendo, inclusive, de tudo para permanecerem na letargia do conformismo como forma de esquecerem do seu desespero e de suas dores, numa letargia suficiente para obstruir as suas próprias possibilidades existenciais. Infelizmente não percebem que viver na letargia das euforias das multidões é sempre uma busca infundada: pois a insatisfação sempre persegue o homem em todos os lugares; porém aqueles que não pararam para refletir sobre o que estão fazendo de suas próprias vidas, acabam sucumbindo às trevas dos falsos valores, as trevas dos falsos absolutos, responsáveis por limitarem os superficiais de espírito uma condição de extremo empobrecimento espiritual.

Aquele, no entanto, que abriu espaço para as possibilidades de amar, dando espaço para o infinito banhar o seu ser, é o que mais aprendeu a se angustiar com a condição imposta pelo momento histórico das mazelas econômico-sociais em que muitos vivem, se sentindo um tanto melancólico e estranho no mundo, um mundo familiar que já não oferece qualquer interesse; é preciso, então se lançar numa nova vida, dessa vez mais favorável ao seu crescimento.

Buscar uma verdadeira renovação nas águas da verdade é o desejo de todos aqueles que não pararam no meio do caminho como aqueles que vivem uma existência esvaziada de experiências que mantêm erguidos os muros de sua própria condição limitante; pelo contrário, foram até o fim, levaram às ultimas consequências a sua sede de infinito ao se aproximarem do mistério que governa os bons de alma, vivendo com sede da justiça e do amor sempiterno de Deus. Pessoas nessas condições, buscam in-condicionalmente o seu amor, cujo apego é maior do que qualquer outro apego sincero e apaixonado!

Quem chegou a esse modo de existência aprendeu que a vida vale muito mais do que estar preso a um dogma, a uma doutrina, a uma ideologia ou a um conjunto de valores inflexivelmente postos em prática; a vida com todas a suas surpresas, é uma dádiva que ruma em direção ao perene, ao permanente, enfim, à eternidade. E só quem aprendeu a trilhar o caminho da luz,  um caminho para quem se preparou para ser livre, está próximo de viver no cais da bem-aventurança, quem sabe um dia venha a ter uma compreensão profunda dos mistérios daquele que governa o Universo!

Pois o importante mesmo não é compreender somente pelo ato em si de compreender, e sim viver na luz de uma profunda compreensão que possa proporcionar discernimento... e nesse ato extrair os mais belos ensinamentos, uma vez que a vida é assim mesmo: está sempre num processo de abertura é só quem está de acordo com esse processo, não se deixando prender pelos estereótipos e pelas classificações que perambulam nos dias de hoje, está de liberto dos estgmas sociais e acessível para o poder- ser-mais-mais-autêntico- e-LIVRE!
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 06/02/2017
Alterado em 06/02/2017
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