UM RECOMEÇO PARA A MINHA VIDA LIBERTA
A religião quis me ensinar a combater os meus inimigos com a força de uma retórica persuasiva. Pois nos sistemas religiosos de nosso tempo está mais presente a aversão contra qualquer manifestação vital que insiste em durar, do que propriamente a prática genuína da caridade que faz com que os homens se apaixonem pela belezas da criação e suas fragrâncias. Mas como compensação, é Deus quem tem me ensinado de tempos em tempos a perdoar os meus inimigos e, sobretudo, aqueles que me feriram, com base nas virtudes que promanam de seu filho unigênito.
A religião quis me impregnar de ressentimento, ódio e presunção. Em contrapartida, fui ensinado pelo Altíssimo a viver de humildade, retidão e simplicidade, não sem antes compreender o valor de cada ensinamento que tenho aprendido no decorrer de minha caminhada espiritual.
A religião, criada pelo ego, pela prepotência e pela insensatez humana, sempre quer armar os homens de um ódio latente contra a vida. Mas enquanto as religiões fomentam as guerras pelo mundo afora, é o Deus vivo quem enriquece os homens de esperança e de uma luz que os impulsiona à transcendência.
Em especial, foi o meu redentor quem me ataviou de dignidade para valorizar incondicionalmente a vida, haja visto que é a vida e não a morte a quintessência do verdadeiro evangelho de Cristo, um evangelho purificado de qualquer intolerância e paganismo; longe de qualquer conciliação com as práticas mais iníquas e destrutivas.
A religião quis me incutir a viver uma existência impulsionada por uma obediência cega a um sistema adoecido, um sistema capaz de confinar os seres humanos na ignorância da ausência de humanidade. Não obstante, aprendi a cultivar, com dedicação e alegria, a profunda sabedoria contida na palavra inspirada pelo divino mestre, Jesus Cristo; aprendi, sem dúvidas, a viver munido pelo escudo da sabedoria e pela virtude contagiante do seu amor sempiterno.
A religião propôs que eu interagisse unicamente com aqueles que frequentassem uma determinada ideologia ou sistema de crenças, seja ela uma denominação cristã fundada em preceitos rígidos e inexoráveis, seja ela uma religião fundada na vaidade humana.
No entanto, foi o reis dos reis, o Pai da eternidade, quem me ensinou a arte de amar o meu próximo e, ainda de maneira mais profunda, a todos os seres humanos como se fossem extensão de meu próprio ser; enfim, ensinou-me a praticar a caridade para todos aqueles que estão sedentos e ávidos por algo que, de forma sobrenatural, as edifique. Como também foi o mesmo Deus de amor quem colocou no meu coração a urgência de amar e de se enternecer pelos animais e por toda a criação.
A religião me exortou a ser intolerante contra os diferentes e a ser superficial nos meus modos de ser e de viver. Como também me exortou a viver de culpas doentias e de medos exagerados quanto as prováveis punições ministradas e impostas com tirania pelo usurpador que chefia a babilônia religiosa de nosso meio social.
Mas eis que descobri (enquanto vivia na escuridão de uma existência absurda e sem sentido) que há um Deus redentor que ama os pecadores; descobri (quando estava morto para a fé) que há um Deus forte, conselheiro e príncipe da paz suficientemente poderoso para redimir os pecadores das culpas; para libertar os cativos das mazelas sociais; para dar abrigo aos estrangeiros; para consolar os órfãos e as viúvas através de seus melhores servos; e, por fim, para oferecer com graça e misericórdia a sua promessa de salvação para os homens de todas as tribos, etnias, nações e línguas.
Os sistemas religiosos, mormente os que estão alicerçados por preceitos opressivos, legalistas e despóticos (sistemas esses edificados de forma desastrosa com o auxílio da presunção de tantos homens frios de coração), quiseram me tornar uma pessoa indiferente, culpada, preconceituosa e inautêntica. Mas, uma vez que aprendi a arte de ser livre de todos os grilhões que as religiões impõem com mãos de ferro, estive em condições de sonhar com as promessas de redenção e, além do mais, em condições de encontrar um verdadeiro paraíso para a minh'alma se consolar. Uma vez que aprendi a viver em liberdade e autonomia para pensar na minha própria existência (bem como na condição do homem pós-moderno), consegui transcender os limites impostos pelas religiões, indo em direção ao sol do amor que procede de Cristo Jesus. Foi a partir de um recomeço e de um novo ponto de partida, que me senti livre para obedecer a Deus com amor, gratidão e fé, em vez de qualquer temor que pudesse desfalecer as minhas esperanças.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 06/05/2017
Alterado em 21/12/2017