UMA VIDA DE AUTÊNTICA COMUNHÃO
Um ser humano que vive em genuína comunhão com Deus, que procura viver uma vida de santidade e perene devoção, certamente está para além de atitudes estereotipadas e superficiais; ele sempre irá alçar voos mais elevados e vislumbrar horizontes mais distantes do que uma pessoa que frequenta cultos e complexas liturgias religiosas apenas para cumprir com as ''obrigações'' de uma agenda eclesiástica.
Uma alma que vive em oração e agradecimento constante ao Criador, uma alma que busca viver em integridade permanente e que se dispõe a lutar contra as suas próprias misérias em nome de seu amor pelo Altíssimo, consegue ser mais livre das culpas e das neuroses provocadas pela perversão religiosa do que aqueles que vivem numa falsa consciência de si mesmos, aqueles cujo cinismo e hipocrisia procuram esquecer sobre o sentido mais elevado de se manter uma vida autêntica com Deus, se perdendo numa ambição desenfreada e irrefletida.
Pois o que seria mais desastroso para a vida espiritual do que uma pessoa que vive em constante vontade de angariar algum benefício, prestígio ou status da comunidade religiosa em que vive? Um ser humano que deixasse de lado o seu compromisso com a verdade sublime do Evangelho e com a verdade de seu próprio ser, seja em razão de algum reconhecimento social, seja em prol de promover a manutenção das ideologias de uma instituição que se arroga ser a ''porta voz'' da verdade absoluta, não estaria imerso num lamentável processo de corrupção e condicionado a viver numa trágica e progressiva dissolução de sua humanidade, justamente porque foi capaz de vender os seus valores mais nobres em troca de míseros reconhecimentos de um meio social empanturrado por frívolas promessas? O que poderia gerar mais ruína e desolação para uma vida do que abdicar da honestidade em prol da fama e de uma bela imagem social, onde o que está em jogo é o valor mais abissal do ser, em vez de valores efêmeros e perecíveis?
Quando paramos para refletir que a verdade de Deus, tão presente no Evangelho da graça e da salvação, é vivida existencialmente; quando paramos para meditar na magnitude da sabedoria que promana de Rei dos Reis, do Pai da eternidade, ficamos ainda mais convictos de que amar a Deus em espírito e em verdade sempre transcende os estritos limites geográficos dos lugares e dos templos erigidos por mãos humanas. Na verdade, a forma de demonstrar gratidão por aquele que nos deu a vida não tem regra, etiquetas, rituais ou leis específicas, pois basta apenas manter um coração sincero e puro para que a presença marcante de Cristo nos encha de sua glória, virtude, paz e discernimento acerca do que é justo e verdadeiro.
Por fim, quando paramos para pensar que independente de onde estivermos, somos urgentemente desafiados e interpelados a testemunhar acerca do que acreditamos e amamos, ora com atitudes virtuosas e palavras sábias, ora com gestos de respeito e exemplos coerentes de conduta, ficamos ainda mais conscientes de que a vida espiritual não se resume a frequentar templos, a assumir compromissos insanos, a praticar preceitos sem qualquer entendimento e a viver de atividades ritualísticas sem qualquer discernimento; mas sim contemplarmos o amor de Deus com exultação, sinceridade e com todo o prazer de alma, permitindo que o mistério da graça mantenha o coração mais leve e sereno. De fato, mais importante do que ostentarmos um rótulo e o nome de uma seita ou instituição, é sermos a luz do mundo e o sal da terra apenas e simplesmente pelo desejo de irradiarmos exemplos de benignidade por onde quer que estejamos, nunca deixando de levarmos em consideração acerca do que cremos ser a fonte de toda a esperança e redenção. Vivendo a todo o momento em adoração e confiança, seremos como uma vigorosa fortaleza que se compraz em estar sempre próxima do divino mestre em espírito de sinceridade e amor, ao invés de buscarmos a sua misericórdia somente com a pretensão de realizamos barganhas; enfim, somente pelo que pode tão bem nos proporcionar.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 22/11/2017
Alterado em 24/03/2018