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Poesias, ensaios e reflexões de Alessandro
O segredo da existência humana reside não só em viver, mas também em saber para que se vive. F. D.
Textos
DICOTOMIAS INCONCILIÁVEIS
Num mundo onde subsiste uma humanidade decaída, num mundo onde coexistem e coabitam a vida e a morte, certamente os paraísos e os infernos existenciais se mesclam e se entrelaçam, gerando um conflito permanente, onde os momentos de satisfação, de paz e de alívio se tornam incrivelmente curtos e fugazes. De fato, num mundo onde prevalece os conflitos individuais e coletivos, há sempre uma cisão intíma e um enfraquecimento que atinge as almas; um enfraquecimento que permeia o ser de todos os homens. As sociedades, tal como as conhecemos (com suas leis, com suas doutrinas e com todas as suas misérias e injustiças), são as mais evidentes manifestações de um contraste inconciliável, de modo que só há uma saída para o ser humano num planeta deteriorado pela corrupção e pelo pecado: o caminho da luz, resplandecendo toda a escuridão de nossa alma; ou melhor, o caminho para uma vida que vive em perene santidade. Pois vivemos infelizmente num universo cheio de dicotomias, num universo impregnado de luz e de trevas, de bem e de mal, de amor e de ódio, de ilusão e de desilusão, de verdade e de falsidade, de santidade e de perversidade. As contradições, desde a queda do primeiro homem, sempre fizeram parte da existência dos homens e de tantas sociedades com toda a parafernália de seus costumes, leis, regras, histórias, filosofias, culturas e religiões. Em vista de tantos contrastes insolúveis é possível que ainda gritemos a nossa revolta e as nossas insatisfações quando descobrimos que nosso ser também é repleto de uma constelação de antinomias, contradições, paradoxos, dissonâncias, cisões, esquisitices e incongruências? É possível que critiquemos o mundo a nossa volta quando descobrimos que também somos passíveis das mesmas críticas? Penso que é sempre preferível o silêncio absoluto do que observarmos com arrogância e prepotência as contradições que os nossos semelhantes estão cheios e abarrotados. Talvez quem sabe viveríamos mais em paz, quem sabe viveríamos num estado de perfeita serenidade e santidade, apenas atentando para o que somos e para o que fazemos (caminhando na direção da verdade e da luz, tal como nos ensinou os evangelhos), em vez de reprovarmos as condutas inadequadas daqueles que se assemelham a nós mesmos! A maior aventura que podemos fazer na vida é desbravarmos o nosso ser, desafiando corajosa e de maneira honesta tudo aquilo que nos contradiz, nos falsifica e nos torna exilados da verdade de quem realmente somos.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 10/01/2018
Alterado em 11/01/2018
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