A religião com seus dogmas e fanatismos é sempre uma ameaça à liberdade e à integridade humana, pois deixamos de pensar com profundidade sobre a nossa existência e a nossa espiritualidade para seguir preceitos desnecessários, preceitos esses que podem destruir a nossa lucidez, nos transformando em seres amedrontados e ressentidos em nome de uma suposta ''divindade'' (que no fundo nada mais é do que o ego inflado de homens querendo impor suas taras em formas de doutrinas religiosas). Além do mais, se a religião melhorasse as pessoas no sentido moral e espiritual, não existiria tantas guerras, tantos genocídios e tanta hipocrisia. Ora, já deu para entender perfeitamente que não são as religiões que ensinam os seres humanos a ter caráter e amor abundante. Na verdade, cada um resolve ser aquilo que é; ou melhor, cada ser humano permite, por exemplo, ser alumiado ou não pela luz da caridade; e esse fato, portanto, depende mais da força de vontade de um indivíduo em particular do que propriamente da existência de uma doutrina religiosa que o force a irradiar gestos de benevolência, respeito e cordialidade para o mundo em que vive. Uma coisa é certa: podemos ser fanáticos e odiosamente dogmáticos tanto na defesa de uma crença religiosa, quanto patrocinando uma perspectiva ateísta (ou uma ideologia qualquer). Em ambos os casos, podemos nos tornar juízes de outrem a partir do momento em que passamos a não admitir que haja uma crença ou filosofia diferente daquela que seguimos. É assim que nascem os grandes atos de extremismos, que são capazes de fazer tremer até mesmo os homens mais sanguinários e bestiais. A religião não somente nos torna fragilizados pelos rigores de um dogma, como também nos ensina a ser bons inquisidores. Nesse caso, passamos a fazer julgamentos precipitados e impiedosos de nossos semelhantes; e o que é mais grave, sem conseguirmos perceber a escuridão que acompanha insistentemente o nosso ser.