OS DESERTOS DA VIDA
Foi nos desertos da vida que construí, com o auxílio dos milagres mais sublimes e com a profundidade que promana dos evangelhos, alicerces fortes para a fundação de enorme fortaleza contra as adversidades.
Foi nos desertos da vida que busquei a verdade que liberta, a verdade que não foi semeada pelos nossos desígnios, mas aquela que foi estabelecida pelos propósitos de Deus, que de tempos em tempos nos dá grande discernimento.
Foi nos desertos da vida que percebi a vanidade e a ilusão das ideologias criadas pela nossa sociedade, bem como os valores e os padrões de conduta que norteiam a vida dos indivíduos mortalmente desorientados.
Foi nos desertos da vida que aprendi grandes lições de reverência, gratidão e sabedoria, pois as conjunturas da vida me ensinaram a ser mais perspicaz no que diz respeito a minha própria condição (onde percebi meus limites e as minhas possibilidades). Ao mesmo tempo, encontrei uma oportunidade inexplicável de transcender os grandes determinismos da vida, consciente de que o excesso de racionalismo dos filósofos mais céticos é incapaz de explicar o vínculo que estabelecemos com Deus e com tudo o que emana dos seus excelsos desígnios.
Foi nos desertos da vida que criei minhas próprias reflexões sobre o mundo em que eu vivo, tendo como inspiração o ímpeto dos poetas e como respaldo as mais diversas correntes da filosofia e da psicologia; mas sobretudo fui alicerçado e direcionado pela palavra de Deus, no qual encontrei uma fonte inesgotável de consolo e de inspiração para escrever novos parágrafos de uma história de vida que insiste dia após dia em ser reescrita, reordenada e, por fim, nunca esgotada de conteúdos edificantes.
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Mas se nos desertos somos treinados para ser pessoas mais íntegras, resistentes e verdadeiras, e na solidão seres mais capazes de escutar a voz de Deus ressoar em nosso íntimo; é nas situações de triunfo espiritual que saboreamos a plenitude de estarmos em comunhão com Deus, o único que podemos nos sentir seguros de devotar o nosso amor e de rendermos toda a nossa gratidão. Mediante a sua providência, a sua misericórdia e a sua redenção, sentimos a nossa existência futuramente guarnecida de todos os cuidados, refúgios e proteções.
Quando tiramos proveito até mesmo dos desertos em que habitamos, quando aprendemos a valorizar experiências do vazio que assolou a nossa existência, aprendemos a viver de forma mais livre e reflexiva, onde até mesmo os sofrimentos e as alegrias que vivenciamos, além de todas as histórias que escrevemos, são providas de uma razão de ser que dificilmente conhecemos se tentarmos explicar com todas as razões de nossa capacidade intelectual.
Os desertos da vida nos ajuda a viver unicamente do alicerce que promana da palavra de Deus. Apenas um apego incondicional e uma confiança irrestrita em Jesus Cristo basta para compreendermos a razão de nossa luta que travamos ao longo de nossa existência! Então todo o mistério é revelado quando somos suficientemente humildes e corajosamente sábios, nos atentando para os sinais milagrosos que se comunicam de tempos em tempos em nossos corações.
Portanto, provar a existência de Deus é tão absurdo quanto sistematizá-lo mediante discursos lógicos e racionais; sendo assim, a única prova que podemos fazer da evidência de Deus em nossas vidas é existencialmente, ou seja, vivendo-o a cada a dia, ou melhor dizendo, sentindo Deus semear em nossos corações o seu imenso amor. É na vivência de uma relação profunda e permeada de entrega e amor, uma vivência que revela em nosso íntimo o quanto Deus é maravilhoso e sublime, que conseguiremos, com exultação de alma, dar testemunho de sua magnitude!
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 30/05/2018
Alterado em 06/06/2018