AS SEQUELAS DA QUEDA
A queda nos despenhadeiros do pecado
Turvou o sol de nossa glória e liberdade;
Suspensos nesse abismo, ficamos encarcerados
Entre as grades inexoráveis do tempo
E nos laços das fatalidades que recaem
Sobre essa humanidade hoje adoecida.
Tudo quanto existe se esvai e se esgota
Rapidamente nesse universo implacável e decaído...
Como, então, buscarmos consolo face a morte?
Será a coragem no sofrimento o nosso maior triunfo?
Não somos nada mais
Do que chamas frágeis e tremulantes
Que a qualquer momento
Deixarão o seu tênue brilho de existir.
Olhamos a beleza dos céus com esperança
E debaixo do sol desfrutamos
De seus refulgentes raios de luz,
Mas o furor dos ventos de nossas mazelas
E a cegueira que escurece os nossos horizontes
Sempre querem calar os nossos anelos de ser...
A história da humanidade
É apenas um acúmulo de ruínas
Fomentado pelos homens mais sanguinários.
E diante desse universo de sepulcros erguidos,
E diante desse mar de tragédias de todas as eras,
Não há nada o que fazer
Com as nossas próprias mãos,
A não ser vivermos erguidos com sapiência e bravura,
E contemplarmos o que realmente somos
Com o rosto banhado de lágrimas.
Já nascemos para a nostalgia de um paraíso distante
E para a angústia que lacera as nossas almas...
A queda nos trouxe terríveis vertigens,
Perturbando para sempre as nossas visões;
Enquanto os sinais do tempo
Maculam os nossos frágeis corpos
Com doenças, decrepitudes e deformações.
E é para vencermos a dor de tamanho vazio,
Buscando repouso às nossas almas extenuadas,
Que nos adornamos de sonhos e infindas esperanças.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 25/07/2018
Alterado em 25/07/2018
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