REFLEXÕES ÍNTIMAS ACERCA DO MEU SER
Minha alma chora mesmo não derramando lágrimas, por isso componho melancolicamente, semeando versos de dores, cujas pétalas perfumadas estão também rodeadas de espinhos. Não somente de alegrias somos constituídos, mas há momentos em que um delicado perfume de dor e tristeza exala fragrâncias por um tempo indeterminado...
Minha alma também grita e soluça mesmo estando em absoluto silêncio, por isso toda a veemência de minhas exclamações vibra cânticos de total inconformismo.A minha alma, com suas incógnitas, é um oceano: há momentos em que nela habita serenidade e grande aurora, mas há tempos em que as tormentas impetuosas emergem repentinamente.
A angústia e a tristeza, a esperança e a doçura, são contrastes que estranhamente se harmonizam no meu íntimo. Além do mais, a melancolia, os pequenos resquícios de alegria e o amor imenso que emerge das profundezas de minha alma são outras peculiaridades aparentemente inconciliáveis que constituem o meu ser. Portanto, são capazes de fazer parte de um complexo indefinível e inexorável de elucidar...
Como o mistério de uma canção não é descrita em palavras (apenas ouvida e sentida com tamanha atenção), assim também é a alma indecifrável de um sonhador que sobrevive exprimindo o inexprimível através de gestos e palavras incompreensíveis.
Pois os muros são altos demais... tenho, por seguinte, apenas o amor e a fé em Deus para descortinar possibilidades na ordem do impossível! Um milagre sem dúvida...Uma verdadeira provocação, capaz até mesmo de ferir a soberba dos insensíveis de coração , por demais acostumados com suas convicções cheias de maldade!
Como uma canção melodiosa entoando cânticos desesperados e apaixonantes, minha alma vagueia pela estrada sem fim, almejando um lugar de paz... Mas até quando os acordes de minha alma perseguirão cânticos de vida eterna, e deixarão de gritar as opressões dessa vida, hoje tão maculada pela morte?
Eu sofro mesmo nos momentos em que estou sorrindo.E clamo, mesmo que aparentemente não esteja orando; pois também nos meus pensamentos e nos meus devaneios estão presentes o velho anseio de estar mais próximo de meu criador.
Pois ainda que viva nesse mundo, não me sinto mais pertencente ao mesmo, nem sequer faço parte das mais variadas ideologias, modismos, estereótipos, estilos ou enquadramentos, sementes essas que foram tão semeadas pela cultura de nossa época!
Pelo contrário, nada do que é dito a meu respeito é capaz de me definir, sou fragmentos desconexos que compõe uma totalidade insólita. Ainda que tente pertencer a algo, hoje eu mesmo sinto que não faço parte de nada, ou seja, de nenhum enquadramento ou pré-definição simplória!
Sendo assim, como terei espaço garantido nesse mundo e nessa sociedade se já há muito tempo minha alma está longe de compactuar com a maldade de tantos homens e, ainda, com esses valores perversos que brotam do coração de tantos homens deteriorados por orgulho e pela insensatez?
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 09/08/2018
Alterado em 09/08/2018