O RICO ESPETÁCULO DA NATUREZA
Perceber o ímpeto da natureza pode ser até assustador ou até mesmo esmagador; porém quando queremos nos perder horas a fio na contemplação dessa força cósmica, sentimos como se pudéssemos nos unir a essa misteriosa imensidão ao nos apascentarmos com o sublime que fantasticamente arrebata as nossas almas...
Quando buscamos nos absorver na doce sonoridade dos ecossistemas e nos perder na imensidão, como aquela que dimana dos mares calmos, dos rios veementes e das florestas mais misteriosas, ficamos, então, embevecidos e de certa forma inquietos com todas essas grandezas que nos mostram o quanto somos ínfimos diante do cosmos e do absoluto...ao mesmo tempo, sentimos no coração uma serenidade tão incrível, que qualquer preocupação do dia a dia se esvai de nosso ser!
Estar em paz para contemplar o inaudito, é saber estar em silêncio para sentir o que poucos conseguem perceber. Enquanto buscamos manifestar a poesia mais abissal da alma, somos capazes de saborear a beleza e os eflúvios da terra, como também a musicalidade da natureza ao nosso redor, sem deixar de nos manter em profundo estado de alegria e de exultação por tudo o que percebemos de mais verdadeiro, singular e elevado.
Só quem é dotado de sensibilidade, fica maravilhado com a grandeza dos ecossistemas repletos de uma profusão de seres viventes se descortinando ao seu redor... E quanto aqueles que são adornados pela beleza na alma, uma beleza que enriquece sobremaneira seu ser, são, com efeito, os mais suscetíveis para se emocionarem enquanto sentem (com todos os seus sentidos) a rica beleza dos mares e das florestas, das montanhas e das cataratas, dos rios caudalosos e dos animais mais exuberantes e, por fim, de muitas outras paisagens com seu dinamismo peculiar.
Ora, se queremos contemplar a inesgotável diversidade que habita o cosmos, bem como todo o encanto e formosura presentes na natureza, é necessário que a simplicidade e a paixão pela vida estejam presentes em cada um de nós; é imprescindível que sejamos tomados pela virtude do amor e pela virtude de um profundo respeito pelos ecossistemas, pelos animais e por tudo que vive nesse mundo! Do contrário, iremos sucumbir ao vazio ou, o que é mais grave, nos perder numa ânsia exagerada de exploração, a fim de servir a interesses tão mesquinhos e gananciosos!
A virtude mais imprescindível para salvar o homem do embrutecimento do espírito, é sem dúvida a sensibilidade que nasce no coração apaixonado de todo poeta em formação. Pois sem esta, não há como sentir desejos, a fim de se manter em contemplação frente à imensidão do cosmos e da natureza. Sem uma verdadeira e desinteressada contemplação de sua grandeza, como iremos entender o real significado da vida através das mais diversificadas manifestações de esplendor, harmonia, cores, lutas, vontades e necessidades tão inquietantes para se perpetuar?
Sem uma sensibilidade autêntica como a de alguém que derrama lágrimas quando aprecia, por exemplo, um lindo por-do-sol ou de alguém que se emociona verdadeiramente ao escutar a canção dos seus sonhos ou então de alguém que busca evocar a poesia da sua vida, qualquer manifestação artística se torna vazia, assim como qualquer afetividade de um ser humano para com o seu semelhante não passa de mero sentimentalismo ou frieza emocional. A sensibilidade é uma flor rara que desabrocha no íntimo de qualquer ser humano aberto ao amor da contemplação de tudo o que há de mais sublime e também ao afã incansável da apreciação da verdadeira arte de viver experiências inefáveis e transcendentais. Ser sensível para contemplar a beleza, é ter na alma a musicalidade da poesia com todas as cores de sua linguagem recheada de fantasia, verdade e inspiração. A poesia que se enraíza na alma, a mesma que nos ajuda na contemplação e na apreciação do belo, é sempre uma maneira fecunda que encontramos para nos libertarmos dos absurdos mais implacáveis da existência.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 04/10/2018
Alterado em 05/10/2018