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SONHAR NUM TEMPO DE ESCURIDÃO
(PERSEVERANÇA DE UM SONHADOR)
Nesses dias escuros, Nesse tempo adoecido pelo descaso, Busco me saciar no divinal resplendor Da santidade e da verdade, Do discernimento e do entendimento, E assim não adormecer na fria letargia Dessa maré de ilusões infindáveis. Quão importante é, para mim, me aprazer Na luz de um sempiterno amor Para não perecer na desolação Desse absurdo quase generalizado! Como eu almejo nesse rio me banhar A fim de me curar de tantas dores! Quero no entardecer da minha vida Sempre manterem abertas As pesadas janelas do meu quarto; Permitir que a luz do sol Irradie um aroma de doce esperança! Busco enxergar nessas trevas Uma fresta de luz que possa me salvar Desse sono que enfraqueceu os meus sentidos. Quero que a luz da solidariedade aqueça O meu coração amargurado Em meio a essa onda de indiferença brutal E em meio a essa lógica que, Ao nos apartar da fonte da verdade, Só nos divide ainda mais e mais. Às vezes, num lampejo de abrupta lucidez, Penso que o meu destino Não é o deserto da cegueira E, muito menos, o do nada. Sinto nesses momentos Que no meu ser subsiste a nostalgia De um paraíso distante e inacessível... Raia em mim, em certas horas, Uma louca ânsia pela eternidade, Uma ânsia que, no meu íntimo, é germinada De forma um tanto inesperada Tal como uma flor noturna cujo perfume É doce, sereno e cheio de inocência. Às vezes, esqueço de me inquietar Para voltar a me esconder na letargia, Caminhando perdido sem esperar nada Sob uma rotina aparentemente intransponível... Mas dentro de mim, no mais profundo de mim, Persiste um pequeno incomodo Que não me deixa adormecido por muito tempo: É quando passo a imaginar o inescrutável, E a sonhar tal como uma criança Ao contemplar o brilho Das estrelas sem fim no firmamento. Ao entoar clamores aos céus, Num sincero derramamento de lágrimas, Sinto um contentamento estranho A tomar conta do meu ser... Uma luz de discernimento me liberta De uma desoladora petrificação E me conduz para um paraíso de inspirações Que ofuscam as trevas De uma terrível morte afetiva e espiritual. Enquanto sonhar num tempo de escuridão Não deixarei se esvair a esperança E nem permitirei que evanesça Um mínimo resquício de amor para viver. Enquanto sonhar num tempo de escuridão Irei reluzir como uma estrela, Cujo fulgor é perseverar Numa vida de impávida benignidade. Enquanto viver de sonhos e clamores aos céus, Não deixarei morrer a força espiritual do meu ser, Cujo mérito é me manter firme Numa vida de grande fé no Eterno E numa vida de calorosa compaixão. Sonhar é a minha maior liberdade E o único meio pelo qual posso imaginar O que ainda não posso vislumbrar na sua plenitude; Sonhar é um dos meus maiores consolos Para não perecer por causa dessa humanidade Afligida pelos espinhos de sua própria desumanidade.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 29/10/2018
Alterado em 17/09/2019 Copyright © 2018. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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