Dentro de cada ser humano
Habita recantos escuros e vazios.
O coração de cada pessoa
Abriga desertos quase indevassáveis
Onde só o consolo do amor
Pode preencher o que jaz opaco e sem vida.

Viver no esplendor da glória social
Não nos tira dessa escuridão a qual naufragamos,
Mas apenas nos mantém mais longe
Do verdadeiro sentido da vida.
Mas qual é realmente a razão
De nosso viver e de toda nossa luta?

Muitos, para vencerem as suas dores,
Se atiram no mundo dos prazeres
E só o que encontram
É a brevidade da sua existência.
Poderão porventura viver alguma plenitude
Mergulhando no vazio de tantas coisas fugazes?

Outros, conhecendo as ilusões do mundo,
Sonham unicamente com a vida eterna
Sem esperar nada da sociedade em que vivem.
A sua busca é mormente a verdade
Que só pode ser encontrada mediante a luz da fé.
Será esse o segredo para uma vida mais plena?

Dentro de cada ser humano sincero,
Na alma de todo ser humano profundo,
Palpita uma ânsia que nada de banal apazígua,
Uma ânsia sem explicação
Que dificilmente consegue preencher
Os espaços vazios de seus corações.

Dentro de cada ser humano sensível,
Na alma de todo ser humano sonhador,
Cresce um desejo que só o extraordinário
Pode revelar respostas satisfatórias,
Mais acessível para aquele que está disposto
Na contemplação da beleza e da verdade.

Mas só consegue ser livre quem se esvaziou
Nos desertos da existência em busca de inspirações.
Só é livre aquele que, após longas peregrinações,
Descobriu uma missão para a sua existência,
Se munindo de coragem para buscar a si mesmo
E um desígnio mais elevado que edifique o seu ser.