A religião, tal como a conhecemos, ou seja, engessada por dogmas, legalismos, preceitos, formalidades vazias e imposições desumanas, é a clausura de toda alma que se obstina a viver presa sem se dar conta de que vive numa masmorra com ares de segurança e proteção. Já a verdadeira espiritualidade humana que nos faz amar o nosso semelhante sem qualquer resquício de impureza e egoísmo, uma espiritualidade que nos faz andar no caminho da luz divina unicamente pelo prazer de trilhar tal vereda, é a realização da liberdade da consciência que se recusa a viver na atmosfera de certas inflexibilidades. Ela nos ajuda a transpor de forma genial os muros da prisão religiosa e farisaica, cujos ensinamentos só aparentam estar imbuídos de verdade, mas não estão. Todo aquele que aprendeu a ser livre, prefere viver com consciência plena acerca de suas ações e do seu viver, semeando com simplicidade e exultação os frutos perenes do espírito, em vez de viver permeado de práticas para se proteger de seus maiores temores ou então apenas para se sentir mais livre de certas culpas, castigos ou ameaças. Se a religião como clausura da alma é a morte do espírito de amor que move os corações para a bem-aventurança, é a espiritualidade fundada no amor de Cristo, a que melhor nos conduz para o destino de sua gloriosa redenção.