Sou, creio eu, uma alma utópica e onírica que não economiza esforços para criar sendas no universo do devaneio e da fantasia, uma alma que, mesmo nos dias mais árduos, sonha constantemente com um porvir de maravilhosas surpresas e de inesquecíveis vivências para não cair no fastio entediante de uma triste rotina, rotina essa cujas lembranças não fazem outra coisa senão evocarem um passado escuro e sem qualquer alegria de uma vida promissora.

Sou uma alma que muito já pernoitei próximo aos abismos da falta de esperança, vivendo outrora noites desoladoras enquanto me prostrava deitado nas catacumbas do desespero. Sou uma alma que, sim, já perambulei desprovido da luz do amanhã, tendo como guia a morte com sua fisionomia escura e pálida para o meu caminhar. Que desoladora e sombria era minha existência na terra!

Mas hoje, empunhando as armas da coragem, prefiro voar nas alturas dos sonhos mais belos e cristalinos, sonhos esses que sempre contarão com a força da fé no transcendente amor Divinal e com a verdejante esperança que me motiva a imaginar um porvir onde é possível haver o sol da justiça e da verdade.

Hoje sou uma alma que vive de gratidão aos céus pelo que me tornei e por tudo aquilo que ainda eu sei que irei desfrutar. Agradeço também pelo que irei me tornar mediante as experiências mais diversas que já tenho colhido de antemão.

Que dos meus doces sonhos possa brotar um ribeiro de águas límpidas e um oásis fértil cujas frescas sombras servem como um bálsamo ou refrigério, suficientes para fortalecer a minha existência!

Que desse deserto existencial possa, enfim, nascer um amalgama de paz, amor e verdade nas relações alimentadas pelo prazer singelo de ser o que se é verdadeiramente um para o outro, em vez de ser o que não se é, fazendo reinar o engano nas expectativas que são criadas ao sabor das estéreis e tolas vaidades!