Penso que hoje, por conta do materialismo predominante na sociedade, quase tudo está a venda, até mesmo seres humanos na sua busca incansável por status e reconhecimento social. No entanto, por mais antiquados que estejam nos dias atuais de competição predatória e de profundo vazio existencial, a afeição sincera, a solidariedade que torna os homens uma família e o verdadeiro amor que aproxima pessoas tão diferentes e distantes, ainda são virtudes que não podem ser compradas e nem ser vendidas; e por não poderem ser compradas e tampouco ser vendidas, se tornam descartáveis para o funcionamento desumano das engrenagens desse sistema onde tudo cai na obsolência. Em contrapartida, são as únicas riquezas que, ao ornamentarem o seu ser, possibilitam os homens transcenderem a sua condição miserável para terem bons vislumbres de eternidade na temporalidade de sua existência. E é por isso que quem busca viver da glória do pleno amor, da solidariedade que fortalece laços e da afeição mais pura, consegue dignamente resgatar a sua própria humanidade, na qual só pode prevalecer no íntimo de um ser humano quando está fundada nos valores mais sublimes da sua alma.