MATRIX: O VÉU DE MAYA EM NOSSO COTIDIANO
Hoje já podemos presenciar a realidade de uma matrix tal como fora idealizado há muito tempo num filme de ficção que leva esse nome, filme esse que não era completa e meramente uma ficção, até porque já revelava a alienação humana e a irrisória capacidade de percepção de muitos seres humanos a respeito dos quais vivem sob um espesso véu de maya no seu cotidiano.
Essa alegoria exibida no filme Matrix já evidenciava o quanto a maior parte das pessoas são verdadeiros escravos do sistema, onde só um indivíduo inquieto e angustiado tem melhores chances de perceber a sua condição. É incrível como alguns resquícios da verdade a qual tanto buscam ocultar através de informações desencontradas, de meias verdades e de notícias sensacionalistas, às vezes aparece repentinamente em programas apelativos sobre violência e até mesmo em cenas de desenhos da Disney, bem como em filmes ''O poço'' e ''Matrix:'': tão cheios de mensagens subliminares, selvageria, alienação, violência, terror e ocultismo!
Essa situação mostrada no filme Matrix me remete ao mito da caverna de Platão, uma alegoria que retrata homens acorrentados acreditando que as sombras projetadas na parede são a própria realidade percebida no seu cotidiano. E aquele que resolve se aventurar ao ponto de conseguir escapar de sua condição; e aquele que compreende que existe uma realidade supra-sensível, de tal maneira que passa a não se conformar com uma vida de miragens, aprende que a fonte originária do bem, do justo e do belo está fora do seu mundo, ou seja, fora da caverna em que vive, mantendo uma atitude corajosa e admiravelmente sábia de sair de sua própria miséria para se acostumar na contemplação da autêntica luz da verdade.
Ora, sabemos muito bem que aqueles que permanecem na sua realidade de escravos nunca aceitarão aquele que decidiu ser livre. Certamente, a história testemunha o quanto aqueles que buscaram dizer a verdade foram além de caluniados, torturados e mortos por aqueles que amaram mais o seu cativeiro do que a intrépida busca pela verdade!
Não é fora de propósito pensar que muitos já previam o que ia acontecer com o mundo dominado pela tecnocracia. A inteligência artificial, a contaminação viral que é um fato incontestável, o isolamento social, as crises procedentes do confinamento e as proibições bombardeadas pela mídia com seus estranhos apelos, estão aí para comprovar o quanto somos levados gradativamente a uma perda completa de autonomia e a um confisco de nossa liberdade de ir e vir. Enquanto isso, a tecnologia se fortalece com uma capacidade de agregar informações bem superiores ao nosso cérebro, criando condições de condicionamento extremamente eficazes.
Devemos em nossos dias tomar muitos cuidados para não sermos meros escravos desse sistema. Um dos maiores perigos que corremos é reproduzirmos informações só porque elas são vinculadas por todo mundo e manifestarmos certos comportamentos e atitudes que não são nada diferentes do que faz a massa amorfa. A segurança dessa falta de distinção se deve muito provavelmente ao fato de que está na moda ser e viver de uma maneira impessoal. Tais disposições de espírito só atestam, por outro lado, a nossa falta de senso crítico e de nossa integridade pessoal.
É indispensável então que consigamos manter a nossa identidade em meio a uma lógica social de rebanho indo para o matadouro; e também, viver a nossa liberdade criativa frente a essa sociedade massificante composta de muitas pessoas sem originalidade. Pois muitos vivem como se a única realidade fosse a realidade virtual e se isolam completamente das relações profundas com o seu semelhante, ao criarem laços que não geram empatia e verdade, e ao buscarem só manter conversas à distância, em vez de uma saudável proximidade com o seu mais próximo e achegado.
Vivemos, portanto, num mundo de ilusões, num mundo envolto por uma verdadeira cegueira em seus mais diversos aspectos, onde as relações humanas tem se tornado cada vez mais frias e superficiais; inóspitas e insólitas. Com isso, pagamos um alto preço: além da perda de nossa humanidade, ficamos reféns de um medo que só o calor de um amor profundo entre os homens pode trazer libertação e esperança
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 25/05/2020
Alterado em 21/10/2020