A beleza da natureza com suas cores, variedades, formas, manifestações e tonalidades existem não para que o homem a aprisione no seu controle e no seu rigoroso cálculo, cuja precisão só serve para desnaturalizar a vida sob uma dominação que tudo pretende abarcar. Na verdade, tudo existe para que a consciência humana viva na contemplação da poesia que brota do infinito e na apreciação da riqueza revelada na imensidão do universo. Um indivíduo ou comunidade que só se preocupa em utilizar a sua morada para extrair uma abundância de recursos apenas para si, só demonstra o sadismo de sua tirania e a tolice de viver na prepotência de seu sistema capaz de obscurecer os horizontes da verdade e do sentido do ser. Mas é no surgimento de uma atitude reverente, respeitosa e apaixonada através do contato com a formosura da criação; e é também na necessidade do ser humano de expressar o seu agradecimento e louvor ao Deus Eterno mediante a dádiva da hospitalidade pelo seu mais próximo na sua desnudez, que o sentido do cuidado pode definitivamente ser uma realidade salvadora e presente em nossa casa, bem como na vida de todos os seres que nela subsiste. Como um ato radical de transcendência dotada de santidade e comiseração, o cuidado é um milagre que faz nascer o ânimo e o vigor da vida. Ele irrompe na consciência humana quando o amor por tudo o que vive é infinitamente superior a qualquer desejo doentio de trazer a morte por causa do capricho de uma egoística sede de poder e dominação.