PSICOTERAPIA: A CIÊNCIA DO CUIDADO DA ALMA
PSICOTERAPIA: A CIÊNCIA DO CUIDADO DA ALMA
A maior forma de cuidado que podemos ter com uma vida humana angustiada ou adoecida é dar a liberdade para que ela se sinta à vontade na comunicação de seus sentimentos, dificuldades e problemas emocionais e afetivos, uma liberdade não só de falar, mas de se escutar com toda cautela e assiduidade.
O grande mérito de uma prática psicoterapêutica é o bom manuseio da arte de ouvir e de compreender, criando a possibilidade do indivíduo se autoconhecer e se responsabilizar pela sua própria existência, bem como pelas suas relações com outras pesssoas no apelo por um certo comprometimento.
É da prática psicoterapêutica que emerge a ciência e a (cons)ciência do cuidado da alma. Toda adesão a um tratamento, de ordem emocional, existencial ou psicossomática, começa quando um ser humano desenvolve a consciência de sua alienação ou limitação; e percebe, na lucidez da mesma, a importância da mudança de uma situação cujo jugo pode ser profundamente prejudicial e incapacitante.
Na verdade, o desenvolvimento da consciência a respeito de certos aspectos de nosso psiquismo ou de nossa vida anímica (um trabalho delicado e que demanda de cada pessoa uma certa cautela) é um pequeno passo em direção a outras evoluções da alma, sem o qual nada de efetivo acontece. Toda conquista na vida de um ser humano é resultado de seu próprio esforço individual que não dispensa o seu lado mais desconhecido, cuja finalidade é sempre o desenvolvimento de sua vida interior e interpessoal, e também a descoberta de seu ser autêntico.
Na prática psicoterapêutica, o que está em jogo é justamente o trabalho em prol desse encontro ontológico do indivíduo consigo mesmo e com as forças que atuam na dinâmica de seu psiquismo, sem falar da sua própria ressignificação das condições de sua vida no mundo em que vive.
Dar um novo significado à vida é uma tarefa de quem aprendeu a ser resiliente, pois é dessa condição de se reerguer quantas vezes for necessário que a prática psicoterapêutica do cuidado entra em cena na atuação do tratamento de um ser humano, propiciando como já enfatizava Jung aquela paciência e coragem diante do sofrimento e também um valor especial diante das pequenas conquistas da vida. Enfim, é diante das situações-limites que o paciente pode adquirir uma profunda sabedoria prática que, se for descoberta aquele potencial no seu ser, pode irradiar o seu brilho de uma forma admirável.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 06/10/2021
Alterado em 17/10/2021
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