NA DESNUDEZ DO MEU DER
Nas noites mais vertiginosas da aflição,
Quando há pouca luz,
Quando já não há um abraço amigo,
Quando tudo parece perdido para sempre,
Vasculho no foro do meu coração
Uma pequena centelha de vida e de significado
Que ainda possam florescer
Como uma verdadeira primavera em mim.
Nos limites do quase imponderável,
Vivo no clamor de uma fé derradeira,
No sonho de uma esperança última.
Pois nessas horas não pode haver
Um ser divino e salvador
Vindo habitar repentinamente em mim
Até aquecer os meandros da minha'alma?
Há alguém por perto
Quando já não posso mais
Oferecer sequer o vinho da alegria?
Há algum abraço verdadeiro
Que possa enxugar as minhas lágrimas?
Existe nesses instantes
Uma voz de consolo que reverbera
Um clarão de alívio no meu coração?
Quem estará por perto
Quando já não houver holofotes
E tampouco aqueles radiantes sorrisos
De realizações e conquistas sucessivas?
Quantos estarão por perto,
Mesmo com o fim dos aplausos
E o fechar das cortinas?
Poderão acaso me conhecer
Nessas horas onde habita o luto da alma,
Cuja generosa e solidária intenção
É mergulhar na verdade do meu ser?
Nesses dias bem escuros,
Quando o sol já não parece mais clarear
A beleza da minh'ama,
Quando estou desnudo
Para ser unicamente quem eu sou,
Quando o amor humano parece apenas
Um palavreado vazio e sem sentido,
Eu busco no elevado ou no supra-amor divinal
O seu bálsamo que me ampara
E o seu aconchego que me conforta
Da morte que intenta rondar a minha vida
Oscilando entre a esperança e o desespero.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 02/11/2021
Alterado em 02/11/2021
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