A autorrealização não acontece somente quando conquistamos o nosso espaço na sociedade, ou seja, alcançando metas e cumprindo papéis propiciadores de um certo reconhecimento social e uma alegria mais intensa e fugaz. Essa forma de se realizar é a mais superficial das realizações humanas, embora seja bastante valorizada e deveras incentivada.

Na verdade, a mais completa autorrealização se baseia no encontro com o nosso ser profundo e a nossa essência às vezes um tanto negligenciada, cuja finalidade é o desenvolvimento e a promoção de nossa integridade. Nesse autoconhecimento está  implícito uma certa coragem que não se conforma com as futilidades de nosso meio, uma coragem conservadora da identidade e de uma liberdade existencial mais plena.

Toda práxis psicoterapeutica fundada numa psicologia profunda está muito mais preocupada com a realização de nosso Self ou de nosso ser tal como ele é na sua originalidade, do que numa conquista que serviria apenas para adequar e glorificar o indivíduo na sociedade em que vive.

A nossa autêntica realização é, portanto, alcançada por nós através da compreensão que fazemos de nossa vida e de nosso ser. É dessa forma que descobrimos tudo o que vale a pena viver e lutar, e o quanto a vida pode ser provida de sentido. Essa conquista íntima e pessoal também acontece quando desenvolvemos as nossas potencialidades criativas, as quais propiciam um amálgama de significado, beleza e liberdade de ser.