QUE PAÍS É ESSE?
O que dizer de uma nação que silencia os seus cidadãos em pleno exercício democrático? Ou melhor: podemos dizer, como muitos querem que acreditemos, que existe democracia num país de aprendizes de ditadores? Se eu expresso uma opinião que anda na contramão da maioria, sem que eu queira impor a minha vontade (quando na verdade, eu busco apenas construir argumentos sólidos para iluminar a consciência das pessoas a minha volta), sou logo boicotado no meu direito e ridicularizado na minha liberdade de expressar as minhas ideias e opiniões, principalmente quando fere os interesses das minorias ilusóriamente empoderadas, cujos gestos lacradores estão impregnados de radicalismo e ressentimento profundo.
Quantos não perdem os seus cargos ou profissões apenas por demonstrarem publicamente uma preocupação perfeitamente compreensível, cujo teor é característico de quem vive num tempo cheio de transformações em várias esferas da sociedade! Quantos não são massacrados unicamente por serem eles mesmos nas suas angústias e defesas de ícones ou símbolos, os quais, inevitavelmente, suscitam aquela explosão de ódio revelada no grito histérico das coletividades!
Por outro lado, também existe hoje a tendência de aceitarmos passivamente uma "verdade absoluta" impulsionada por uma ciência para lá de suspeita, como também pela mídia bombardendo tantos sensacionalismos e prerrogativas. Ora, quem se recusa a defender o isolamento social é logo desmerecido no seu direito de ir e vir, no seu direito de ganhar o seu pão de cada dia.
A cultura do cancelamento com o seu tribunal farisaíco (sem dúvidas, uma prova da falência de nossa criatividade e da exacerbação de nosso ímpeto assassino!) invadiu o nosso admirável mundo moderno a fim de silenciar as mentes pensantes e enquadrar de forma negativa quem se distingue da massa; além, é claro, de suprimir a chance de defesa de uma pessoa que foi submetida, muitas vezes injustamente, a massivas acusações, passando a ser, infelizmente, estigmatizada e linchada por comentários impiedosos e precipitados.
E hoje a hipocrisia se tornou tão terrível e o cinismo tão assustador, que até mesmo o governador de um estado populoso de nosso país, embora sempre queira defender o isolamento do povo durante essa pandemia, se recusou a fazer o que ele mesmo pedia tão bem para os cidadãos fazerem, ou seja, deixando de lado o seu bom senso para fazer uma viagem com a sua família como se só ele tivesse direitos e privilégios num momento onde todos estavam sendo obrigados a cumprir tal lei, lei essa que incutiu nas consciências as admoestações do isolamento mais severo. Enquanto o estado de São Paulo estava trancafiado, travado no seu fluxo habitual e em confinamento, o mesmo governador passeava livremente num outro país, numa demonstração de falsidade e desrespeito pelo direito de ir e vir das pesssoas de nossa nação.
Fala-se tanto em democracia, mas o que encontramos todos os dias são vozes demagógicas que apenas defendem a sua "verdade" em detrimento de qualquer respeito ao seu semelhante ( "a verdade" de seus interesses mais mesquinhos...). Vivemos, pois, num tempo onde todos os comportamentos são nivelados numa condição deplorável, numa condição formadora de seres robotizados e apáticos, especialmente na dimensão afetiva e amorosa, onde apenas o prazer a qualquer custo é o que tem valor!
Aqui e acolá, nos confins mais inóspitos de nosso país, quase todos perderam o senso de liberdade para repetir discursos e narrativas carregadas de superficialidade, meias-verdades e futilidades, dando credibilidade a todo tipo de depravação capaz de transformar os seres humanos em expectadores da mentira cotidiana frequentemente repetida e propagada tal como um vírus terrivelmente letal e infeccioso.
Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 17/11/2021
Alterado em 20/11/2021