Muitas vezes, para enchermos a nossa alma de conteúdos edificantes, precisamos primeiramente nos esvaziar por inteiro, num ponto em que quase mais nada do que outrora defendíamos e valorizávamos é capaz de oferecer uma sustentação e uma orientação para a nossa vida. Talvez, sem esse sofrimento inicial, qualquer transformação integral de nosso ser se torna impossível. A alma, para ficar repleta, precisa antes de qualquer avanço vivenciar a dor da morte de muitos dos seus conteúdos, nos quais podem ser a razão que faz a alegria e a satisfação de muitas pessoas. Nesse caminho árduo, certamente inúmeras coisas ficam para trás, mas o que se abre é uma nova luz de conhecimento e um novo alento de vida tão logo despimos os nossos velhos costumes em prol de um caminho renovado de sentido. A vida plena só floresce quando é lentamente preparada como a terra fecundada pelo húmus, uma travessia que envolve riscos e angústias. O húmus da vida é tudo aquilo que passa a edificá-la, ou seja, com valores, esperança, sentido e força espiritual para uma vida ética e envolta de integridade e verdade. Todo homem que decidiu desapegar do que a maioria enxerga como encantador, se deparada em algum momento da vida com o vazio da sua alma. Mas não importa: tal vazio é apenas a oportunidade e a abertura para uma vida mais plena de sabedoria e outras dádivas inspiradoras para qualquer coração repleto dos melhores frutos do espírito.