Toda ação justa e louvável produz um efeito permanente e inesquecível como uma raiz que se aprofunda nos recônditos da terra para alicerçar a vida que nasce aos nossos olhos. Não é algo que se faça com facilidade; é, portanto, uma constante lapidação íntima, até que possamos alcançar a aurora da graça alumbrando os recantos da alma.

Tais bênçãos contidas em atos de verdade aproximam as fronteiras, rompe os círculos do medo, dão liberdade aos oprimidos e aproximam os estranhos mediante a conquista gradativa do diálogo, da confiança e da amizade. No entanto, por serem fartas de coragem, vão além da tendência natural de autopreservação, porquanto está implícito um risco que, se se não deixar abater e embotar com o tempo, é capaz de alcançar o coração da humanidade e a mudança da história humana para melhor.

Como diz o Talmude, quem salva uma vida, salva toda humanidade. Quem faz uma ação de misericórdia e, ao mesmo tempo de justiça, certamente constrói mundos de partilha e comunhão, cujos frutos são de esperança, benevolência e gratidão sem fim.

Ao contrário dessa qualidade no ser, aqueles que semeiam a iniquidade esterilizam a beleza da vida, arruinando na humanidade o sentido de ser humano e criando a hostilidade nas fronteiras de quem só queria ter uma vida de paz e esperança.

É comum que as massas na sua amorfidade e apatita caminhem numa direção de engano e mentira, aflorando hostilidades para obter una sensação fugaz de pertencimento grupal.

Fora desse modismo pernicioso, só o indivíduo, na construção de sua individualidade e na sua mais plena conscientização, pode reverter tamamha torpeza em prol de uma coexistência. Só o ser-aí comprometido na preservação do éthos, consegue favorece o que há de mais saudável na interpessoalidade humana.

Pensar uma ação justa e misericordiosa, na sua natureza mais pura e originária, é conceber a luz do infinito num mundo finito e acabado. Tal obra, desperta o que jaz adormecido na ignorância e lava a alma do peso das culturas mais assassinas e sanguinárias.

Não há como negar que ações dessa natureza (há algo de divino e de transmuno em tudo isso!) favorecem não só a mudança no ser de um ser humano, como também faz parar de forma milagrosa a guerra no coração de quem nunca encontrou a serenidade na vida.