É muito mais fácil transferir a culpa no outro do que assumir a responsabilidade pelos seus fracassos ou faltas. Por conta dessa tendência numa era de tanto "iluminismo", uma sociedade inteira se mobilizou para exterminar um povo como se ele fosse o responsável pela deterioração de uma cultura e de uma sociedade. Hoje em dia, essa situação no mundo não mudou de modo algum para melhor. Pelo contrário, usar o outro como bode expiatório é uma forma que muitos encontram para não reconhecer quem são na sua totalidade. E vou mais além: transferir um peso nas costas de outrem é até uma maneira  lucrativa e ao mesmo tempo covarde que muitos encontram de se isentarem da convicção de suas próprias mazelas, problemas e desméritos. Não estamos longe de presenciarmos pesssoas inventando um inimigo para responsabilizá-lo e culpá-lo como se esse inimigo fosse a própria consciência de quem acusa. A nossa cultura  não promove a humildade para a observância de nossa condição e para o reconhecimento de quem somos. Ela está muito aquém de favorecer a autenticidade necessária para encarmos a nossa condição com a consciência lúcida e desperta. Por essa razão, a maior garantia para cada indivíduo continua sendo a consciência de sua realidade existencial, do mundo que o cerca e de seus anseios que podem auxiliar na sua humildade.