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O meu saber está sempre num processo de vir a ser; jamais portanto, concluído e acabado, sob pena de ficar estagnado e falido. Todavia, ele só avança quando aprendo a dialogar com quem está disposto na partilha de seu conhecimento. Como tudo o que é fascinante, o saber tem lá seus encantos. Quanto mais cresce em nós, mais se alarga como um vasto horizonte. E qualquer diálogo genuíno é também um indicativo da promoção do próprio saber, no qual só acontece quando me disponho a falar e, principalmente, a ouvir no exercício da compreensão. A condição da escuta é, sem dúvidas, o acesso que faz ampliar a nossa consciência do outro; e dá espaço a fala do meu semelhante na revelação dos detalhes de sua história e cultura. Esse exercício da escuta é fundamental para a autopercepção de que não sou aquele cujo saber é inabalável e invulnerável. Ao contrário, somos todos passíveis de ser interpelados pela presença de outrem, interpelados, pois, pelo saber daquele que conhece coisas distintas do que eu sei e conheço; e, muitas vezes, conteúdos de ordem mais elevada e superior. Quando eu passo a ter essa consciência, efetivamente dou espaço para a humildade nascida na aventura do conhecimento, que, por sua vez, abre caminho para novas formas de conhecimentos, conhecimentos esses que podem muito bem comungar com outros pensamentos e ideias, sem que ambos percam a sua beleza e originalidade. Pois todo saber autêntico nunca irá se fortalecer na violência da imposição, mas na liberdade da comunhão, do amor e da alteridade.