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Muitas pessoas, em busca de uma suposta felicidade ideal ou de um padrão de vida, na qual, se for preciso, deixam de lado qualquer pudor e senso ético (uma espécie de ambição exagerada), transformam as suas próprias vidas num grande pesadelo, se perdendo num lodo de frustrações sem precedentes, e criando desejos e expectativas que, quando alcançados, nunca dão satisfação completa às suas almas.
Uma das maiores catástrofes é esperar coisas grandiosas de outro ser humano, que é evidentemente tão falho quanto um indivíduo que exige demasiadamente de todos ao seu redor. Ou então, tentar obter segurança através de sua própria fortuna, status, sucesso ou influência social.
Na era em que vivemos, existem muitos estímulos, apelos sutis e desejos que são profundamente incutidos no coração dos homens a fim de aquecerem a economia e acirrarem ainda mais a fome predatória e insaciável de tantos homens atrás de sucesso, felicidade e prazer sem limites.
É claro que essa amplificação de desejos e aspirações num mundo de recursos finitos não poderia ser mais letal à vida. Dia após dia explodem aqui e acolá os mais diversos conflitos, além das insatisfações humanas na totalidade da civilização sob a égide do sistema capitalista nas suas novas maneiras de desumanizar a espécie humana.
Num mundo onde quase todos querem ser ricos, onde quase todos querem ser poderosos, onde quase todos querem ostentar seus luxos e onde boa parte quer ser melhor do que outros, o que resta é repensar a nossa condição e caminhar muitas vezes na contramão de tudo isso. E talvez, quem sabe, como forma de fluir a nossa respiração, ir na direção da integridade do ser e no encontro de uma coexistência mais salutar, livre e singela.