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A esperança reside na angústia entre a possibilidade de ser ou de não ser, embora ela possa ir mais além... Nela, mora a fé na chance de que algo seja efetivo e realizável e está presente na raiz de um agir individual que enfrenta bravamente as suas próprias dúvidas. Por outro lado, sem a esperança, existe uma espécie de resignação; o sentimento da morte simbólica de qualquer abertura do imaginar de que algo venha a se fazer presente em nossas vidas. É para não viver essa dor da esperança, uma dor que pode se estender por um longo tempo, que o caminho da descrença se torna uma saída desesperada. Crença e esperança estão intimamente conectadas e fundidas, levando a convicções que podem salvar o brilho do olhar, mas também conduzir ao caminho oposto, uma enantiodromia. Através dessa abertura do espírito, é possível o conflito, ao mesmo tempo em que existe a serenidade que o esperançoso tem ao se defrontar com a possibilidade de que nada está concluído, arruinado, morto, sepultado. Sem esperança, há um certo conforto no impossível, no não-realizável, no trágico. Com a esperança ainda viva na alma, existe caminhos abertos no imaginário e no pensar da consciência da possível manifestação do sobrenatural, de um objetivo alcançável e concretizável, do que é passível de reviver, ainda que não esteja totalmente morto. Enfim, do que o que não é possa em algum momento vir à luz da existência.