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Pensar a vida humana é ter a intuição fundamental da inconstância e do que é ser evanescente. Somos seres em constante fluidez e transformação como todo ser vivo que se renova incessantemente como as folhas das árvores. Antes de sermos seres em transcendência, somos seres-para-a-morte como bem intuiu Heidegger; e seres que mudam perpetuamente, como bem dizia Heráclito e os pensadores que enfatizam o movimento da vida. A nossa existência é breve, inconstante e frágil, assim como todos os seres da natureza, seres nos quais são passíveis de sofrerem com os contratempos e as fatalidades tanto quanto os próprios seres humanos. Começamos, em nossa solidão essencial, a termos tais certezas quando vivenciamos a dor da perda de nossos entes queridos, de nossos animais de estimação e da constante mutação de nosso ser mais visível e concreto. Viver é também fazer a experiência indireta de nossa condição de seres mortais, sem o qual não seria possível o surgimento da filosofia, das mitologias e das religiões, pois cada uma delas procuram dar uma resposta sobre a nossa finitude; e existem, para todos os níveis, certas áreas do saber que, através da revelação, abrem os véus dos mistérios, dizendo sobre o que está para além da realidade perecível e mutável de todos os dias. A angústia em face da morte, talvez a maior tomada de consciência de um homem no seu romper com o senso comum da letargia cotidiana, é o que pode propíciar um florescimento profundo das artes, das ciências e, principalmente, do aprimoramento de nosso filosofar em meio às realidades transitórias da existência.