O ARREPENDIMENTO

   Um ser humano sem arrependimento é um ser desprovido de sua própria humanidade, porquanto é desprovido da abertura de sair seus caminhos perversos e permitir que haja um novo nascer em si mesmo. Mas, aquele que vive na beleza do arrependimento conquista a glória do perdão justamente porque dá possibilidades claras para a reconciliação ou simplesmente para a misericórdia que faz cessar as hostilidades. Todo arrependimento conduz, pois, a mudança, a metanóia, ao renovo de seu próprio ser, de modo que as coisas velhas já não tem espaço e o que é novo pode então ter seu lugar assegurado, tal como está escrito nos textos bíblicos. O arrependimento não deixa de ser o catalisador; o facilitador do perdão. Ele tem o poder para desfazer todo o caminho tortuoso das mágoas, da vingança e da morte. Por meio dessa dádiva que nasce no coração do ser, é possível voltar atrás de certas escolhas e decisões, abrindo um caminho para uma chance que redime a vida. Ao contrário do remorso, que é a morte do indivíduo na autodestruição, o arrependimento é a vida na própria ressurreição do ser na glória de uma existência renovada. Arrepender-se é o êxodo do cativeiro da dor que nos consome para a terra prometida da paz que sobremaneira nos liberta.