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O que busca e encontra conhecimento não vê sentido em se sentir o senhor de si; não se arroga, portanto, em ser o detentor do saber. Na verdade, reconhece que na sua busca incessante tem muito o que agregar, entender e discernir. Daí toda humildade que, em vez de torná-lo insignificante, o ajuda a ser uma pessoa ainda mais notável e sapiente justamente porque encara a vida sob as lentes da simplicidade que habita o seu ser e jamais sob a perspectiva de algo alheio e estranho a si mesmo. Já dizia Heidegger que toda a simplicidade guarda o enigma do que é grande e permanece. O singelo é o próprio ser que, na sua humildade, sempre se lança na tarefa primordial de ser. O exercício do conhecimento, seja ele de qual natureza for, é uma tomada profunda de consciência acerca da extensão e dos limites do próprio saber de si mesmo e das coisas que nos circunda e envolve. Um ser que sabe que nada ou quase nada sabe, para usar uma expressão de Sócrates e Platão, é aquele que nunca está fadado a certeza dos ignorantes que se acham sábios aos seus olhos; mas, sobretudo, é o que está aberto às novas descobertas dos amantes da sabedoria que jamais farão propagandas de seu conhecimento, até porque são excelentes na tarefa de reconhecer o que lhes falta: o que para eles pode ser realmente edificante e enriquecedor.