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A REDENÇÃO DO JUGO DA MALDADE
Todo mal que se passa adiante como forma de vingança é uma violência que se comete não somente contra a vida de quem foi indevidamente capaz de ferir o seu semelhante, o que pode ser até tentador e até se revestir de uma tunica de justiça; mas também, no próprio coração de quem foi ferido pelo seu algoz. É ainda estar preso a um ciclo de ódio e destruição como uma vida trancafiada no calabouço das mazelas existenciais.
A redenção de todo jugo da maldade principia já no mais íntimo do ser humano que aceita muito mais a proposta de se permitir ser liberto de suas tendências sombrias do que viver em prol de qualquer acerto de contas que só leva a morte, o caos, a destruição.
Se as religiões já desde os seus primórdios (como a cristã e a budista) ensinam a prática do perdão e da não violência, é justamente para que não fiquemos presos a um círculo de dores, aspirações vãs e malícias sem fim.
Toda redenção tem como ponto de partida uma escolha, ou melhor, seu germe floresce com a adesão individual de não se reliigar ao mal custe o que custar. É uma abertura ao divino que vem habitar o coração de quem luta constantemente para se libertar de uma espécie de sansara tão cruel quanto desumano para se carregar nas costas, um sofrimento semelhante ao personagem mitológico Sísifo que, condenado pelos "deuses" a um destino cruel (um trabalho nonsense e sem sentido), passou a rolar eternamente as pedras para o alto de uma montanha.
Se existe um pequeno ponto de convergência entre o paraíso dos cristãos e o nirvana dos budistas é o fato de proporem no ser dos indivíduos a redenção em face dos infernos de todo ódio, ressentimento e vingança: esses venenos aparentemente inofensivos que se toma diariamente e a conta gotas.