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Poesias, ensaios e reflexões de Alessandro
O segredo da existência humana reside não só em viver, mas também em saber para que se vive. F. D.
Textos

CRIATIVIDADE PARA UMA CIÊNCIA PROFUNDA

   É possível uma ciência que aborde sobre o que está para além da compreensão de um estudo estritamente empírico das coisas estritamente concretas e materiais? Sobre algo que está para além do mundo visível e de seus esforços de análise, interpretação e entendimento? Ou que pelo menos possa de maneira indireta ter um certo entendimento de conteúdos que fazem menção a realidades espirituais e transcendentais?

    As diversas mitologias, as simbologias provenientes dos diversos lugares e tempos, os contos de fada, as religiões, os grandes sonhos (imprescindíveis para a humanidade e apreensíveis para um estudo científico sério e comprometido) são maneiras pelas quais os conhecimentos das ciências psicológica, antropológica e teológica estão em melhores condições de se aproximarem, ainda que de maneira indireta, de uma certa compreensão dos mistérios da humanidade, do sobrenatural e do numinoso. Uma forma um tanto quanto criativa e inteligente para acessar alguns pequenos pontos de uma realidade que ultrapassa infinitamente o mundo visível.

    Sem tais conteúdos, a ciência apenas consegue alcançar o que está no limiar das experiências diretas dos sentidos e da percepção. No entanto, tudo o que transcende sua esfera de trabalho se torna sem sentido e desprovido de significação quando os seus valores estão pautados na realidade estritamente concreta, literal e mensurável,  gerando um saber um tanto quanto raso, superficial e unilateral da realidade em que vivemos.

   Como já até ressaltou Jung, não é pelo fato de não ser facilmente compreendido que certas realidades não possam existir! Na verdade, é o nosso conhecimento, deveras, bastante limitado. E, ainda que tal saber se expanda exponencialmente (como já vemos hoje em dia), é ainda ínfimo, ou seja, se comparado ao infinito do cosmos e de experiências humanas oníricas e numinosas a transcenderem qualquer explicação exata ou precisa das coisas.

   Quando os valores de um homem da ciência possui un embasamento filosófico que não dispensa as inúmeras culturas do mundo e as produções culturais cheias de conteúdos espirituais e simbólicos, consegue desenvolver um conhecimento profundo e ao mesmo tempo bastante esclarecedor sobre os mistérios que povoam o universo.

    Esse respeito a tudo o que é enigmático e espiritual pode ser os frutos de uma interessante aproximação entre a ciência e a religião, a filosofia e a arte, o simbólico e o concreto. Uma maneira criativa de dar uma luz a escuridão do ignoto, do incognoscível, do inconsciente enquanto instância de coisas que desconhecemos até em nós mesmos.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 17/07/2024
Alterado em 23/07/2024
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