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LIBERDADE DE SER
Quando o homem acredita que encontrou o seu norte e segurança através do seu poder sobre as coisas, do seu domínio irrestrito sobre o ser de algo, ele fatalmente perde o que ele ambicionava, porquanto deixa de ser si mesmo para manter sua soberania e controle sobre algo alheio ao seu próprio ser. No entanto, quando o ser humano adere ao ser, quando ele realmente se torna aquilo que sempre almejava ser, quando ele compreende que não é senhor de nada (mas apenas e simplemente o gardião do ser, como dizia Heidegger) ganha a oportunidade de ser mais plenamente o que se é, em vez de tão somente ter mais e mais sem medida e proporção justa. Pois, de fato: nunca possuímos plenamente as coisas a nossa volta, eis que nos apartamos facilmente das coisas ou mesmo o que nos circunda escapa de nossas mãos como águas que se evaporam ou como nascentes secando com o calor estafante do sol. É quando efetivamente somos que deixamos de nutrir o autoengano de ter o domínio absoluto sobre o que nos cerca ou pelo menos deixamos de nos iludir com as possessividades que podem se apoderar de nosso coração. E assim sabemos melhor cristalizar a perenidade de nossa essência. E, então, verdadeiramente somos livres para estabelecer um contato profundo e generoso com o outro.