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Os grandes heróis, especialmente aqueles relatados pelos textos religiosos da bíblia sagrada e por outras narrativas que alcançam esferas inauditas, foram os que fizeram de seu drama pessoal ou sua tragédia familiar, uma oportunidade de aprendizado e crescimento espiritual. Souberam ver na dor e no sofrimento uma valiosa experiência de vida. E com isso legaram excelentes testemunhos acerca de suas façanhas, descobertas e compreensões do sentido mais profundo da existência. As melhores epopeias de todos os tempos souberam muito bem condensar as experiências místicas e espirituais de seres humanos de carne e osso (e às vezes acrescentaram alguns elementos de fantasia) que foram além de sua condição ou que transcenderam o seu meio em prol de algo mais elevado por meio da fé e da bravura. E essa transcendência muitas vezes se refere em boa parte das narrativas a força misericordiosa do divino criando caminhos que possibilitem homens comuns alcançarem destinos extraordinários, como já dizia Lewis ao se referir as dificuldades inerentes a vida. A vitória da consciência sobre o mundo do inconsciente simbolizado pelo inferno ou por esferas submundanas e sombrias é o que dá a beleza e o fascínio dos feitos heroicos e das epopeias. Com os raros heróis que a humanidade revelou na sua respectiva época, se tornou possível o advento das narrativas de ordem mítica, o processamento das transformações culturais e a inspiração para cada ser humano fundamentar sua conduta.