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![]() POESIAS SELECIONADAS (2025)
1-A EXPRESSÃO DA MINH'ALMA Minh'alma é misteriosa como o arrebol E clara como as límpidas nascentes Seguindo o seu fluxo no caminho onde o sol Brilha ainda mais forte com seus raios incandescentes.
Eu carrego no meu íntimo o cheiro da saudade E o gosto do vinho da mocidade. Ao mesmo tempo eu me projeto para o porvir Criando no agora o sentido do que é existir.
Eu vivo em mim jornadas inteiras De devaneios, sonhos, alegrias e glórias, E de perspectivas visionárias e altaneiras Quando eu posso admirar as minhas internas vitórias.
Eu sou o verde das árvores, outeiros e prados: Cheio de reflexos de esperanças na liberdade De pensar, criar, sorrir, amar, viver sem enfados... Eu vivo para sentir o gosto de uma doce novidade.
Guardo em mim os hábitos simples e rústicos Das vidas monásticas, das vidas silenciosas. E possuo em mim a leveza das melodias e acústicos Que simbolizam o despertar das manhãs mais saudosas.
Na minh'alma, há profundezas como no alto mar E uma jovialidade como o canto das aves diurnas. Mas também sou como um ancião no seu calmo peregrinar: Às vezes, sem pressa para bem vivenciar as horas oportunas.
2- FIM E RECOMEÇO O fim que às vezes sentimos Geralmente não é o fim de tudo... Muitas vezes ele é apenas a chance do recomeço: Talvez para desmistificar ou reescrever.
Esse recomeço pode ser como a copa das árvores, Cujas folhas se renovam após o inverno Ou como a manifestação do arco-íris Depois de um temeroso temporal.
O fim pode ser o caminho à redenção Já em marcha quando não conseguíamos ver Que através de uma morte passageira Poderíamos ainda, milagrosamente, contemplar O sol do amanhecer Ou uma noite de luar e estrelada.
Não podemos morrer Quando a esperança é invencível Mesmo quando choramos Com os olhos da alma do poeta Ou quando desfalecemos no sono Naqueles instantes mais invernais da vida.
Às vezes, o fim que era inevitável É a oportunidade de uma nova história, Uma história com todos os seus desafios E no coração a chama da perseverança Em prol do que dá significado à existência.
O fim de uma situação Pode ser o início de mais liberdade Para um viver criativo.
E mesmo a dor que parecia nos consumir, É a mesma que podemos ouvir Para compreendermos melhor a verdade Dos grandes porquês e do sofrer.
O fim, enquanto temos vida, é sempre abertura Para uma nova referência e ponto de partida.
3- ENCONTRO DE NOSSO AMOR No encontro de nosso amor Eu vi o brilho do teu sorriso. Na expressão de seu olhar enxerguei o valor: A minha segurança, ternura e abrigo.
Em dias frios eu quero me aconchegar Nas asas de nossa paixão Como um rio que desagua no mar E propicia o gosto da imensidão.
Com o sabor do teu perfume Eu criei em mim o costume De reviver a memória dessa inesquecível presença
O nosso encontro é o melhor da poesia A inspirar a linguagem que contagia: O sentido do que é ser feliz como o sol que se adensa.
4- O AMOR E A SAUDADE A saudade é um oceano com sua vastidão Onde o seu eco faz suspirar o coração, Mas certamente das lembranças do amor É possível que brote todo aconchego e calor.
Em cada lugar o brilho de um sorriso. Em cada canto revivido O perfume que inspirou o que é amar Com sua verdade e seu despertar.
Em cada lembrança Uma dor e ao mesmo tempo uma esperança, Além da falta do que fez regozijar o nosso ser.
Da doce saudade nasce a ânsia do reencontro... É nessa busca que nos reaproximamos do outro: Ainda mais forte que a distância e o esmorecer.
5- AS FACES DO AMOR O amor é a lareira que aquece A frialdade do vazio da existência E em face das trevas nos esclarece Para a revelação da verdade e sua essência.
É do amor a vinda do dia pleno Irrompendo sobre a noite e sua solidão. Eis que vem o seu alvorecer supremo A fortalecer a integridade em nosso ser.
O amor é paz; é a própria benignidade Que traz a tão almejada liberdade A redimir das mazelas a própria vida.
O amor é sacrifício; é, por fim, a compaixão Que, de forma generosa, estende a mão Em prol de uma alma descrente e ferida.
6- UNIDOS EM AMOR Ensina-me a lidar melhor com os revezes do tempo Como também a esse respeito ensinar-te-ei; E, através de nosso folego de vida, Significarmos o que realmente importa.
Ajuda-me o viver o nosso amor De uma forma perene e eterna Enquanto possamos superar as mortes de cada dia Para coroar a verdade de nosso elo.
Amar um ao outro, apesar de tudo... Amar um ao outro com toda força de alma... Que sejamos perseverantes Para vencer de tempos em tempos As aflições e as dores Que porventura cruzem o nosso caminho.
Mostra-me como vale a pena Lutar ao seu lado. E então mantermos a chama acesa, A chama de um amor verdadeiro e reluzente Como as estrelas que fulguram Até os confins dos céus na madrugada.
7- O VERBO AMAR Amar integralmente é um ato desinteressado Que, de forma milagrosa, está presente no coração Dos homens que se santificam em oração. Amar é um ato que está sempre arraigado Nas profundezas de um ser inspirado Pela sabedoria dos gestos de amizade E pela beleza de uma vida em liberdade. Amar é a ação mais lúcida e perfeita De alguém que soube semear uma colheita Inesgotável de ternura e de solidariedade.
Eu não amo somente porque sou amado, Mas porque essa arte me regozijo em partilhar. O meu amor só é capaz de edificar Quando ele sinaliza o caminho do elevado Para um ser socialmente desprezado. Eu amo porque sei pelo perdão me erguer Após uma decepção ter tentado me esmorecer. Ainda que me fira com tantas palavras lacerantes, Não deixarei findar as brisas refrescantes Desse amor etéreo que ainda ressoa no meu ser.
8- QUANDO QUASE NADA MAIS FIZER SENTIDO Quando não tiver mais vivências para partilhar, Quando não tiver forças para de pé me manter, Quando não houver mais um futuro para sonhar, Que em mim ainda haja amor para não morrer.
Quando ninguém mais puder me inspirar confiança, Quando a luz do dia houver se convertido em escuridão, Quando os sofrimentos ameaçarem a minha esperança, Que em mim ainda prevaleça o amor no meu coração.
Num dia em que quase nenhum ser humano Puder se compadecer com a dor de seu semelhante, Que ainda possa viver da poesia de um amor soberano.
Num dia em que a fatalidade for mais fulminante Sobre a humanidade ensandecida no caos do engano, Que eu viva ainda na glória de um amor exuberante.
9- PÁSSAROS SEM GAOILA Os céus são o seu refúgio. A natureza é o seu templo. A coragem e o amor estão no alçar De suas asas rumo ao desconhecido.
Entre o pouso e a ascensão Existe algo de especial No movimentar de suas asas e de seu ser: É a própria graça de ser livre Para descer e se erguer, Para nascer e renascer Na luta de cada dia.
O seu canto existe mais vibrante sem tais prisões. Ele abençoa os nossos sentidos. Ele inspira o amor dos apaixonados. Ele ecoa pelos amplos horizontes Até o fim de um longo dia.
Os céus são a sua transcendência. A natureza a sua morada e o seu arado Para trabalhar nos seus sonhos instintivos. O amor e a coragem estão no seu lindo canto, Encantando toda a vida ao seu redor.
Os seus voos são livres agora. Eles trazem uma grande alegria ao sonhador. Eles ensinam a essência Do que é ser a sua própria natureza.
Sob o aconchego de um fim de tarde, Dentro de um ninho seguro, Uma família na unidade do seu amor Vem ali repousar, Para que no outro dia Um canto mais sublime E um voo mais alto Formem, depois de estar recomposta, Um excelente recomeço.
10- POESIA DO ENTARDECER Há poesia no sol que se põe, No panorama de um vasto horizonte Que remete a saudade e a despedida, Mas também ao silêncio Do recolhimento e do intimismo.
O entardecer inspira lembranças De minha vida na juventude E do meu ser na tenra idade. Ele produz um sonho maravilhoso A se propagar no meu coração.
Nesse formoso e onírico cenário, Onde as aves sobrevoam os confins Repleto de luzes e sombras (Um coro primaveril e agradabilíssimo!) Eu posso sentir uma profunda inspiração Que jamais poderá me deixar Na condição de indiferente e entediado Ou de insatisfeito e atribulado.
Antes, me faz refletir na beleza De tais visões harmoniosas, Principalmente porque posso contemplar A magnitude da criação E o mistério que paira com a presença Desse encantador e glorioso fenômeno Chamado arrebol.
11- JANELA DA ESPERANÇA Num certo dia, após a tempestade, abri a janela Para ver o que de belo podia presenciar. Foi então que descobri uma alegria singela Perfumando os ares com o seu propagar.
Um cheiro de grama molhada Num fim de tarde se propagou... Da esperança descortinada Encontrei o suprassentido que me inspirou.
A vida sorriu para mim com o seu melodioso canto E a morte de todos os dias esmoreceu Juntamente com a escuridão das ruas em pranto Pela vinda da esperança que enfim apareceu.
Pude degustar o frescor aprazível do vento E tatear com o coração a sonata dos seres alados Em comunhão pelos céus no intento De trazer junto com o arrebol sonhos inesperados.
Pela janela de uma nova vida, um mundo renovado Ressurgiu como uma primavera ainda mais formosa Com tantos tons e cores para o meu ser entusiasmado Na contemplação dessa aurora deleitosa.
Uma infância secreta despertou do seu sono Para propiciar as suas doces fragrâncias de jovialidade Na minh'alma que hoje voa pelo entorno De um porvir a desfraldar uma via de liberdade.
12- A FLUIDEZ E EVANESCÊNCIA DA VIDA Em tudo o que fazemos Há uma sensação de transitoriedade. Um processo recém-inaugurado Já traz em si o germe do inevitável: A sua inclinação para se findar e se consumar, Abrindo espaço para novos percursos, Como um caminho que não tarda A ser completamente descortinado e percorrido.
Não há nada nesse mundo Que se mantém perpétuo e fixo, A não ser a perpetuidade da evanescência. Estamos todos vulneráveis A fluidez do efêmero e do passageiro. Vivemos assim uma quimera Justamente porque a qualquer hora Iremos já não ser.
O que construímos é apenas Um fragmento semeado no tempo, Pois em tudo se revela Os sinais do envelhecimento e da mutabilidade.
Não podemos entrar duas vezes No mesmo rio, já dizia Heráclito. E tal como o próprio rio: Fluímos enquanto é possível durar.
A cada dia uma parte de nosso ser se transforma E nos movimentamos de forma incessante Nessa temporalidade. Participamos todos de uma perene mudança Até o fim de nossos dias na terra.
Viver é antes de mais nada uma preparação Para a apoteose do fim de nossa existência. Somos também como uma chama numa vela: Fluindo com sua combustão, verticalmente. Como a vida, ela aos poucos se consome e se extingue Juntamente com a sua exuberante luminosidade. Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 10/01/2025
Alterado em 10/01/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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