O QUE PODE NOS EDUCAR E FORMAR

     A consciência do sofrimento da existência tem, estranhamente, um potencial transformador bem mais intenso e evidente do que os rápidos lampejos de prazeres e alegrias, além de nos educar com ensinamentos mais robustos e marcantes, pois no coloca justamente em contato com o que há de mais abissal e verídico na vida dos seres humanos em sociedade: os seus desejos passíveis de não serem na sua totalidade concretizáveis, fazendo com que muitos vivenciam uma busca sem fim, além das frustrações, perdas, lutos e o próprio envelhecimento que nos remete a finitude, finitude essa que, por sua vez, nos torna humildes conforme a nossa situação. Schopenhauer soube muito bem considerar a nossa condição humana, definindo-a como trágica e impulsionada por uma vontade cega e irracional. É claro que nem tudo é tristeza e lamentos. Há muitas maneiras de elevar o homem acima de sua condição, como o embevecimento produzido pela arte, o direcionamento da sabedoria da vida e o encontro profundo com o divino que nos norteia com o sentido de missão e propósito. Para que possamos viver uma existência mais plena requer que não nos contentemos com o pão e circo de cada dia, tampouco com as futilidades induzidas por diversões baratas e apelativas. Há em nós uma urgência que nos conclama a uma busca existencial que nos tira do conformismo e, ao mesmo tempo, possibilita a metanoia: a percepção profunda de quem somos e do que nos fundamenta para não sucumbirmos. É o que, de fato, nos dá sobremaneira um sentido para o nosso viver. Às vezes, a dor da alma só vem para impulsionar tais buscas, de modo que passamos a não perder mais tempo com coisas frívolas; na verdade, o conhecimento de nossa condição nos mostra que o tempo (que nos constitui) é algo inegociável e intrasferível. Só o que precisamos fazer é não perder o nosso precioso tempo, mas ganhar as oportunidades que nos dão a chance do encontro com o que pode nos edificar e nos desenvolver com o beneplácito de uma verdadeira sabedoria de vida.