UM VAZIO NO SER

Uma marca glamourosa e um carro do ano,

A posse de todos os poderes 

E um status conquistado

Como o sonho de uma vida,

Estes jamais serão, de forma completa,

Os verdadeiros subterfúgios

Para colorir e preencher os cantos escuros,

Os vazios de nossa existência.

A alma estranhamente se mantém sedenta.

Há uma sede que jamais se sacia

E um desejo que jamais pode se apagar

Quando o consumismo com seus requintes

Vem para pregar as suas ilusões

Enquanto aprofunda ainda mais os nossos abismos.

Podemos ter tudo e, mesmo assim,

Podemos sentir que não somos.

É a sensação de que estamos bem aquém

Do que devemos ser.

Com tantas novas aspirações surgindo

E como moeda de troca para a nossa felicidade,

Almejamos sempre o que está bem além

De nossas parcas condições.

Podemos ter o mundo e, mesmo assim,

Às vezes passamos a criar

Mais e mais caos em nosso meio

Como forma de se encaixar em nossos anseios doentios,

Até porque o que já temos tampouco é bastante!

Eis como tudo é tão irrisório e, às vezes, insuficiente

Quando lamentavelmente não sabemos

O que efetivamente pode nos bastar!